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23/01/2006 - 11h30

Coleção de Sommer não deve chegar à loja

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CAMILA YAHN
Colaboração para a Folha de S.Paulo
NINA LEMOS
Colunista da Folha

O estilista Marcelo Sommer, 38, encerra nesta segunda-feira a SPFW com o que promete ser um "grand finale". Sua coleção é sombria, com variações de cinza, inspirada nos processos de vida e morte. Segundo o estilista, será o melhor trabalho de sua vida. "O desfile tem a minha alma, é a minha essência", diz. Sommer é um dos principais estilistas brasileiros e criou sua grife há dez anos.

O desfile parece que será o recurso usado pelo estilista para expurgar os desentendimentos que têm tido com o grupo AMC Têxtil, dono das grifes Colcci, Carmelitas e da marca Sommer desde junho de 2004.

Ao vender a marca, Sommer assumiu o cargo de diretor de criação, com a promessa de que a sua coleção apresentada nos desfiles seria produzida e que tudo na grife seria feito com a aprovação dele. A Folha apurou que isso não vem ocorrendo. No último sábado, na loja Sommer da rua Augusta, as peças assinadas por Sommer eram apenas 20 --cerca de 1% das roupas expostas, segundo vendedoras--, todas elas peças usadas pelas modelos nos desfiles.

"Concordo que as coleções que estão na loja não traduzem a essência da marca, por isso convidamos a estilista Thais Losso para desenvolver a coleção comercial, pois queremos resgatar a alma da Sommer, mas com preocupação de mercado", diz Edinho Vasques, diretor de marketing da AMC Têxtil.

Para Vasques, Sommer é um estilista "de vanguarda", cuja criação não tem apelo comercial. "O que ele faz é lindo e poderia vender em qualquer loja do mundo voltada para a classe AA, mas não é para o nosso público. Estamos voltados a objetivos financeiros."

Segundo Vasques, a coleção mostrada na passarela hoje não estará inteiramente nas lojas, com exceção das estampas e padronagens, que Losso adaptará para a coleção comercial. "Algumas peças serão desenvolvidas, mas apenas as que tenham possibilidade de ser executadas", diz.

"Usei referências da coleção do Sommer. Trabalho com quatro temas e o da coleção é um deles", diz Losso, que está na empresa desde agosto de 2005. A estilista afirma que seu cargo lhe dá autonomia e que suas peças não precisam ser aprovadas pelo estilista. "Mas sempre procuro conversar com ele", afirma. Segundo Vasques, Sommer tem autoridade para "cortar" o que ele não gosta da coleção comercial.

Procurado pela Folha, Sommer disse que "infelizmente não poderia dar declarações por razões pessoais e contratuais".

As atribulações de Marcelo Sommer inquietam o mundo da moda. "Acho uma pena o que está acontecendo, com a marca perdendo a sua identidade. É importante que um grupo grande compre uma marca como a Sommer, para torná-la comercialmente viável. Isso acontece em vários países e mostra maturidade do mercado. Por outro lado, é triste que a mudança ainda não está sendo feita da maneira certa, com respeito ao trabalho do criador", diz o estilista Jum Nakao.

"A marca foi descaracterizada. Eles estão mudando os conceitos e não colocam as peças do Marcelo na loja", afirma o diretor de arte Fernando Sommer, irmão do estilista, contratado pela AMC Têxtil e demitido um mês depois. Ele foi barrado no último desfile da grife.

Indagado sobre o fato de as roupas desenhadas por Sommer não estarem sendo produzidas, o diretor da SPFW, Paulo Borges, afirmou: "Esse é um assunto sério, mas não posso dar minha opinião nesse momento".

O diretor de marketing do AMC Têxtil diz que o grupo se interessou em comprar a Sommer porque "é uma marca conhecida, com potencial de crescimento". Segundo Vasques, antes da compra, a Sommer vendia menos de 50 mil peças e, na terceira coleção, aumentou para 100 mil. "Agora, com a Thais Losso na empresa, esperamos atingir uma venda de 250 mil peças", calcula.

A meta do grupo AMC Têxtil é abrir dez lojas com a marca Sommer neste ano --e 80 nos próximos três anos. De acordo com funcionários que trabalham na Sommer, a loja "está com mais movimento" depois da mudança.

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