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CANELADAS DO VITÃO
Vitor Guedes
Espetar primas e dar pau no Pirambu
Tem xinxim e acarajé,
tamborim e samba no
pé. Leitora boa, leitor
bamba, o estandarte do
sanatório geral vai
passar... O Timão pega
o perigoso Pirambu, no
Pacaembu, e avança à
próxima fase da Copa
do Brasil se pelo menos
arrancar um heróico 0 a
0. E eu passo. Com todo
respeito que não me é
peculiar, golear o
Pirambu é menos do
que a obrigação. Aliás,
tô na dúvida se o
Pirambu existe, acho
que é invenção da
mídia. Na Redação
aqui tem de tudo: as
minas descontraídas,
os boys e os faxineiros
são todos corinthianos;
os chefes torcem para
Guga, meninos do vôlei
e Diego Hypólito; tem a
galera baby-look 100%
tricolor da arte, da
fofoca e da turma de
dança de salão;
garotinhas que
trampam com saias que
mal escondem a
polpinha e com
marquinhas minúsculas
são majoritariamente
caiçaras e santistas;
tem palmeirenses a
rodo; há até um
português que briga se
o Vencer não trata Lusa
e Santos por "clássico";
Ponte e Guarani,
acreditem, têm seus
representantes; alguns
carocinhos dizem que
torcem só para a
seleção; e tem até uma
pernambucana de
Higienópolis, que
apesar do nariz em pé
de cliente do Shopping
Iguatemi, sobe nas
tamancas por causa do
Santa Cruz; mas não
existe ninguém que
ouviu falar de Pirambu
até a tragédia da
última semana. Manja
o bacana que separa a
grana do vale e desce a
rua Augusta a pé, a 18
por hora? "Vim só
conhecer a casa, filé." O
figura embaça quatro
horas dançando no
vulgar palquinho
"Llena su tanque de
adrenalina/ Cuando
escucha reggaeton en
la cocina/ A ella le gusta
la gasolina (Dame más
gasolina!)/ Cómo le
encanta la gasolina",
depois negocia duas
merendinhas por R$ 80
-basquete incluso!- e
ainda conta vantagem.
"Bacanas, espetei dois
carocinhos". Com todo
respeito, ganhar do
Pirambu em casa é
como ser feliz na
Augusta com tutu no
bolso. Basta querer.
Parei de beber, mas
continuo mamando. E
da série "quem não
chora, não mama", alô,
Isadora Ribeiro, Vitão
aqui está aos prantos.
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