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A bruxa está solta
Dúvidas. Medo. Pavor. Os
aviões não inspiram
confiança. Vítor era um
bem-sucedido executivo
paulista. Reuniões de
negócios o faziam voar
pelos céus do Brasil.
As mãos de Vítor estavam frias na hora de
embarcar.
- Não sei, não... a
bruxa está solta...
Ele acomodou a pastinha no compartimento
de bagagem. A comissária Gercília foi ajudá-lo.
Cabelos brancos. Um
queixo de dar medo.
- Caramba... essa aeromoça parece uma bruxa.
Ao seu lado, duas senhoras aposentadas cochilavam calmamente.
Verrugas. Pêlos no ouvido e no nariz. Longos
vestidos negros.
- Não sei, não... este
vôo não está legal.
O medo cresceu quando um homem de barba
branca e óculos de ouro
surgiu no corredor. Junto
com a gorda maleta preta, ele carregava uma
vassoura.
Vítor tentou ainda sair
do avião enfeitiçado. A
porta já tinha se fechado. Subiu sua pressão.
Princípio de derrame.
Vítor desembarcou direto na UTI.
O grupo de idosos não
se abalou. E foi direto
para uma livraria.
Participar de um evento em homenagem ao
novo livro de Harry Potter. O medo é como um
avião. Por vezes, não dá
tempo de acionar o freio
reverso.
voltaire.souza@bol.com.br
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