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VOLTAIRE DE SOUZA

 

A faca no pescoço


Leis. Julgamentos. Processos.
O país espera o fim da impunidade.
O dr. Lerulelski era uma importante autoridade judiciária.
Num restaurante chique de Brasília, ele conversava ao celular.
-Efetivamente... a sentença foi duríssima...
Rãs ao molho branco. Pato assado com laranja.
Lerulelski nem prestava atenção no cardápio.
-Você sabe, Eleutério. A pressão foi intensa...
Chegou o prato principal. Codorna assada com mandioquinha.
-Dura de roer. Sem dúvida. Estou com a faca no pescoço.
O dono do restaurante se chamava Pierre e ficou preocupado.
-Doctorr Lerrulelski... se quiserr pode trrrocarr o prrato...
Não deu tempo de esclarecer o mal-entendido.
O assaltante Garnizé veio perturbar o descanso das elites.
O estilete encostou na garganta da autoridade.
-Tudo bem. Leva o relógio, o dinheiro e o celular. Que só me dá problema.
Garnizé saiu do bistrô numa boa. Confiando na impunidade do país.
Conversar no telefone é direito de todos. Mas quem tem garganta se cuida
 voltaire.souza@bol.com.br


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