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Demanda robusta


Juros. Inflação. O país precisa crescer. Neusa era uma competente economista. Na sede administrativa das indústrias Tic-Tac, ela participava de uma reunião de planejamento. As perspectivas do semestre eram analisadas com precisão.
- A oferta de bens se mostra insuficiente diante de uma demanda robusta.
Pela vasta janela de vidro, via-se a paisagem poluída da cidade.
- Tomemos por exemplo o setor da construção civil.
Justo na rua em frente, um grande prédio estava em construção.
- Os fundamentos financeiros são consistentes. Sólidos.
O arguto olhar da economista identificou entre os andaimes um operário sem camisa.
O nome do rapaz era Antônio. Vulgo Cavalão.
- Sinais de crescimento são nítidos.
Cavalão sorriu para Neusa.
- Mas será que o crescimento é sustentável?
Ela desabotoou a blusinha de grife.
- O fato é que está aquecendo... aquecendo... demais...
Neusa abandonou a reunião. No motel Cayman, Antônio correspondeu aos prognósticos mais otimistas da consultora financeira.
O amor é como a economia. Oferta e demanda acabam sempre se ajustando.
 voltaire.souza@bol.com.br


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