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EM CIMA DA BOLA

 Flávio Araújo

Um novo Pacaembu

"Em 1940, São Paulo tinha pouco mais de 1 milhão de habitantes. Getúlio Vargas mandava prender e soltar, e o empresariado paulista estava afinado com o ditador. Sinal verde para que surgisse o sonhado e formoso Pacaembu. Sua arquitetura seria bela até hoje se Paulo Maluf, outro amigo de ditaduras, não deturpasse suas linhas com o monstruoso tobogã. Fechando a ferradura, o crime seria menor. Com a eliminação da concha acústica e da estátua de Davi, os contornos mais lindos desapareceram. O Pacaembu é tão velho que cinco gerações de narradores esportivos descreveram as emoções ali geradas. Cada uma de uma forma mais moderna, mas o estádio é o mesmo onde Jorge Amaral, da primeira geração, amarrava seu cavalo nas cercanias, e o velho Elíseo, fiscal da cabine de imprensa, ia lhe dar água de hora em hora. Não é piada, acreditem. Ficou menos formoso depois de Maluf, mas, noves fora algumas pinturas, é o mesmo de 1940." Publiquei o texto acima há dois anos. Sabedor que o secretário Walter Feldman quer derrubar o tobogã e restaurar a concha acústica, a reedição se justifica. Por que não fechar a ferradura e completar o oval, englobando aquilo que ali está -ginásio, piscina e mais o que uma arena moderna deve abrigar-, inclusive instalações adequadas para a imprensa? Se a prefeitura quer mesmo fazer algo, que o faça pensando grande, e não apenas botando abaixo o erro de uma administração anterior.

  Flávio Araújo , jornalista e radialista escreve aos domingos neste espaço.
Correspondência para o E-mail: flaypi@uol.com.br


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