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Paz, amor e imperialismo




A Justiça tarda, mas raramente falha. Saddam Hussein foi condenado à morte. Alzira não estava contente.
-E o Bush? Por que não acabam com ele?
Aos 40 anos, Alzira não tinha abandonado seus ideais políticos.
-Viva Cuba. Viva o Che Guevara.
A dedicada professora de geografia fazia seus alunos gritarem em coro.
-Abaixo o imperialismo ianque.
No Colégio Pintassilgo, havia muita liberdade de opinião entre os professores. Mas o inspetor Vilmar considerou que a coisa estava indo longe demais.
-Algazarra. Indisciplina. Ideologia.
Convidou Alzira para uma conversa na diretoria. A bronca ia começar. Alzira ficou quieta. Analisou as feições de Vilmar. Os olhos negros. O bigode farto e escuro. O ar de frieza e crueldade.
-Saddam. Saddam... é você? Eu te amo, Saddam...
Num impulso, Alzira deu um ardente beijo na boca de Vilmar.
A bronca nem começou. No Motel Torpedo, ambos agora fazem paz e amor.
A política externa é importante. Mais decisivos, porém, são os movimentos de nosso próprio interior.
 voltaire.souza@bol.com.br


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