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EM CIMA DA BOLA

 Flávio Araújo

Ídolos

A globalização matou uma das faces mais belas da união de torcidas com seus clubes. Fator de alegria nos estádios do país. A presença do ídolo que aglutina em torno de si as manifestações de incentivo, de agradecimento, de empatia, de veneração até. Lembrei-me do tema ao ouvir os palmeirenses empolgados explodindo em seu canto de amor por Edmundo. Até que o futebol se tornasse esse desmedido campo de exportação e jogador valiosa mercadoria, cada time, mesmo os menores, tinha seu ídolo. O torcedor sabia de cor sua escalação e havia na mesma um que era especial. Hoje, não dá tempo. Antes de florescer o futuro ídolo irá cantar e ser cantado em outros teatros. Ouvia os flamenguistas (e quem melhor exalta seus ídolos que o Flamengo?) delirando ao cantar Obina, o folclore que os rubro-negros transformaram em craque. Ouvia ainda os colorados parafraseando Jorge Benjor ao enaltecer o garoto Alexandre Pato nos versos feitos para Fio Maravilha no passado. É um outro momento peculiar: o flamenguista, se não tem ídolo, cria. E nesses casos, Fio e Obina, o folclore travestidos de craque. Dá até para parafrasear Fernando Pessoa: o Eto'o do Barcelona é melhor que o Obina do Flamengo; mas o Eto'o do Barcelona não é melhor que o Obina do Flamengo; porque o Eto'o não joga pelo Flamengo. É feliz a torcida que esquece mágoas e violência e ergue a voz cantando seus ídolos. Mesmo os fabricando.

  Flávio Araújo , jornalista e radialista escreve aos domingos neste espaço.
Correspondência para o E-mail: flaypi@uol.com.br


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