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O sim e o não


Dia das Mães. Visita do papa. Valores familiares em alta.
No almoço de domingo, Renato abraçou dona Elmira com muito carinho.
- Mamãe... mamãe...
Lágrimas nasciam nos olhos daquele estudante de engenharia.
- Se você tivesse abortado... eu não existiria.
A irmã de Renato se chamava Carla e estava em plena adolescência.
- Se você não existisse, eu seria muito mais feliz.
O amor desapareceu dos olhos de Renato.
O ódio expressou-se com um tabefe na cara de Carla.
Dona Elmira pedia paz e conciliação.
A briga só acabou quando um visitante inesperado apareceu.
Era o menor carente Magrela. Com seu 38. Assalto de rotina.
- Muito bem. Todo mundo quietinho agora.
Pensamentos sinistros vieram à mente de Renato.
- Se a mãe desse cara tivesse abortado... o mundo seria melhor.
Arrependeu-se da idéia. Sorriu com doçura para Magrela.
A resposta veio em forma de bala. Alojada no fêmur de Renato.
No pronto-socorro, depois do assalto, a família toda se reconcilia.
Certas idéias são como sexo. Trazem, por vezes, resultados indesejáveis.
 voltaire.souza@bol.com.br


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