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Tocha que não morre
Emoção. Audácia. Esporte. O país se liga no
Pan.
Elpídio não se conformava.
- Povinho mais alienado.
Doses de conhaque
acendiam a alma do velho militante.
- O povo precisa de
pão. E de paz. Nada de
Pan.
A televisão transmitia
imagens da competição.
- É a mídia manipulando a consciência popular.
Os olhos de Elpídio
iam se fechando
lentamente.
- Tinha de ter revolução, caramba.
Foi quando um rosto
ocupou inteiro a tela da
TV.
Uma barba grisalha.
Um boné verde-oliva.
- Elpídio... que es
éso, compañero?
Elpídio reconheceu as
feições de Fidel
Castro.
- Tenemos que torcer
por Cuba... Hasta la victoria...
O brado do comandante calou no coração
de Elpídio.
Arremesso de martelo.
Tiro ao alvo. Basquete
feminino.
Elpídio assiste a tudo.
E chora com qualquer
medalha de bronze para Cuba.
A ideologia é como o
esporte. Não importa o
ouro. O que vale é competir.
voltaire.souza@bol.com.br
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