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Caniço e
samburá
A poluição visual é um
problema sério nas
grandes cidades.
O sr. Lourivânio estava
muito irritado.
Sua loja de artigos de
pesca teria de sofrer
transformações.
-Não pode placa. Não
pode cartaz. Não pode
nada.
São as determinações
da Prefeitura.
Ele contemplava com
pena a retirada de uma
grande estrutura de madeira.
Tudo tinha sido feito
com capricho. Um grande marlim azul. Letras
em caligrafia nobre.
"Pesk-Pag. O Palácio
da Pesca".
O friozinho da tarde
caía sobre a cidade cinza.
-Deixa essa tralha aí.
Amanhã eu chamo a caçamba.
Tristeza e revolta perturbaram o sono de Lourivânio naquela noite.
Às três da manhã, ele
se levantou.
-Uma última olhada.
No que sobrou do meu
palácio.
Gritos e gemidos se
ouviram entre as tábuas
empilhadas.
Era um morador de
rua chamado Fergusson.
Que, em abrigo seguro, relacionava-se de
modo turbulento com a
mendiga Tetéia.
-Com mulher, eu sou
que nem a Prefeitura. A
ordem é descer a ripa.
Vive-se nas ruas como
em alto-mar. O que cai
na rede é peixe.
voltaire.souza@bol.com.br
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