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Nada como um jogo depois do outro


Os afoitos que viam nuvens escuras sobre o Morumbi e flechas endereçadas ao banco tricolor devem usar a mesma afobação para analisar que, pelos números, pelas circunstâncias, é mais negócio para o líder disparado do BR-06 atuar com um jogador a menos que o rival que com dois jogadores a mais, como na pálida atuação da semana passada contra o Corinthians.
O Inter, ainda o principal candidato a correr atrás do São Paulo, também parece mais disposto e atento quando enfrenta o mesmo número de rivais. Contra o Santos, na Vila, tinha dois jogadores a mais quando levou a virada incrível, em uma falta e um pênalti batidos por Wendel. No Morumbi, perdia um clássico que era igual até Alex Silva ser expulso. Com um jogador a mais - que até parecia muito mais, pelo recuo excessivo tricolor - , o Inter jogou ainda menos. E num belíssimo contra-ataque armado por um dos melhores em campo (Ilsinho, que atacou como o ala que é, e soube defender como o lateral que não imaginava que fosse), Júnior fechou um placar excepcional. Daqueles que, honestamente, pela fase irregular, e pelas pressões indevidas, não esperava que o São Paulo tivesse condição de fazer.

Dá para discutir se Magrão "jogou para a galera" ao se atirar no alambrado do Canindé na celebração do gol da ótima vitória sobre o Vasco, pela Sul-Americana. Mas não há como discutir que ele parece jogar pelo Corinthians desde o berço. Em três jogos, foi um leão contra o São Paulo, o melhor em campo contra o bom time do Vasco, e dos melhores na suadésima vitória sobre o perigoso e bem montado Paraná. Um jogo que, até há algumas partidas, o Corinthians teria perdido. Fácil. Agora, se não joga uma bola consistente, pelo menos ganha. Difícil. Mas vence.
E com boas variações táticas armadas por Leão. Um que não joga para a galera. Mas faz um time com problemas jogar como equipe com boas soluções.

Falando em time que joga bem com jogadores que não atuam bonito. O Grêmio meteu 4 a 0 no Botafogo. Continua fazendo coisas inacreditáveis como aquela do Aflitos, na série B-06.

São Paulo
Muricy apostou numa linha de quatro zagueiros (bastante adiantada, e a todo momento forçando o impedimento) com Fabão torto pela esquerda, com o ala Ilsinho obrigado a marcar como lateral, com os até então inoperantes Lenilson e Danilo juntos, na armação, e com Alex Dias, em má fase, no ataque. Tudo isso em dias irregulares, e contra o Inter babando e certinho do outro lado do campo. Mesmo com o São Paulo recuando demais no segundo tempo, atuando sem ataque, deu tudo certo

Internacional
Abelão recuou o volante Wellington Monteiro para ser o terceiro zagueiro, à frente de Índio e Fabiano Eller. Jogou apenas com Edinho como volante, com dois meias e dois atacantes. Um 3-3-2-2 pouco usual por aqui, mais ofensivo que a média das equipes brasileiras. No segundo tempo, o volante Perdigão entrou para melhorar o passe e adiantar Adriano como meia-atacante, em um 4-3-1-2 que durou até a expulsão de Alex Silva, quando o Inter se abriu, e levou no contra-ataque o gol fatal

Barcelona
Chegou a irritar a ótima atuação de Ronaldinho Gaúcho no treino-jogo contra o Levski Sofia. Ele pediu bola, buscou bola, roubou bola, encantou a bola. Jogou como quase sempre joga no Barça, como nem sempre consegue atuar pela seleção. Não apenas pela qualidade do time, ou pela liberdade tática concedida por Rijkaard. Parreira também deixava Ronaldinho fazer tudo o que ele não fez na Alemanha. Sei-lá-eu o porquê. Só sei que o 4-3-3 do Barça segue muito bem


AMARCORD
SP-88, divisão de acesso. O Araçatuba recebe o Tanabi e vai perdendo um jogo de muita rivalidade por 2 a 0. Contra-ataque para a equipe visitante, o atacante Beto Rocha passa pela zaga aberta do time da casa, vence o bom goleiro Gúbio (ex-Comercial de Ribeirão Preto) e toca a bola que mansamente vai entrando na meta local... Até irromper pelo campo um nada atlético sujeito que, desajeitadamente, consegue afastar o perigo e impedir aquele que seria o terceiro gol do Tanabi. O rotundo "zagueiro" local atende pelo nome de Macaúba, gandula-torcedor do Araçatuba.
O árbitro parou o jogo e deu bola ao chão no local onde ela foi interceptada pelo corpo literalmente estranho. A regra foi respeitada pela arbitragem e até pelo precavido gandula-Domingos da Guia. Perguntado do motivo de ter feito força para tirar a bola com a cabeça e não com as mãos, por exemplo, Macaúba foi ainda mais explícito: "Cê tá louco? Se eu pusesse a mão na bola dentro da área, o juiz dava pênalti!"
O triste da história engraçada é que os gandulas continua mais torcendo que repondo bolas.


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