Homem primata paga mico dourado

Desde os primórdios até hoje em dia, o homem ainda faz o que o macaco fazia, eu não trabalhava, eu não sabia, o homem criava e também destruía, homem primata... Alô, povão, agora é fé! Fogosa leitora, descontraidaço leitor, os atletas brasileiros das mais diversas modalidades seguem fazendo bonito no Pan, enquanto torcida, imprensa e organização pisam feio na bola.
Manja a garotinha que fica quatro anos organizando uma festa? Ela é a estrela e quer fazer bonito. Pensa nos mínimos detalhes, se dedica, oferece tudo de primeira, mas na hora os convidados estragam tudo, trepam no sofá, atiram bitucas no chão e ainda saem falando que esperavam mais?
Por ser aqui, o Pan é uma oportunidade única, que está sendo jogada no lixo, de melhorar a nossa cultura esportiva. É necessário fazer a distinção óbvia entre torcer e distorcer, pagar mico e comportar-se como primata. A função da mídia é torcer sem pagar ingresso, urrar nas nossas salas "ela caiu, ela caiu, temos chances", dizer que o quarto lugar é uma vitória (não, não é!), ou explicar para os leigos telespectadores o que está acontecendo?
Oscar Schimidt, carismático ídolo do basquete protagonista da mais festejada medalha de ouro brasileiro em toda a história do Pan, acrescenta algo ao gritar como um louco histérico e desvairado "vai escorregar, vai cair" para um ginasta chileno? "Tem que vaiar os EUA" é uma justificativa aceitável para o seu ridículo comportamento ao "torcer" por Jade?
Falta pão? Já temos o circo! Enquanto isso, torcedores com elevada noção de civismo se recusam a comprar ingressos de cambistas, e boa parte das arenas - que poderiam ser preenchidas por quem entende o real valor de cantar "sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor"-, permanecem vazias.
Parei de beber, mas continuo mamando. E da série "quem não chora não mama", alô, Paula Pequeno (como é grande, hein!), Vitão aqui está aos prantos.

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