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180 milhões em premiações


MUNIQUE (ALE) - Arquibancada brasileira no belíssimo, caríssimo e mal projetadíssimo estádio Allianz Arena, em Munique. Uma torcedora de boné amarelo, camisa (de empresa) brasileira no corpo, pergunta ao marido, sentado ao seu lado, se aquele chute que o Ronaldinho Gaúcho vai dar ali no canto se chamava "escanteio".
Pode ter sido um exagero de Nelson Rodrigues. Mas foi um amigo pachecão quem contou a história. Ele só não pensou em xingá-la ou cornetá-la (mais do que fazia com os Ronaldos) porque já havia esgotado a cota ao reclamar de um torcedor mezzo-brasileiro, mezzo-europeu que havia pedido para ele não se levantar nos ataques da seleção.
Torcedora que não sabe o que é escanteio? Torcedor que reclama do outro que está torcendo? Em plena Copa do Mundo? Por isso as torcidas croata e australiana deram de dez na mancha brasileira nos estádios. Por isso os hinos dos rivais são cantados a esgoelar. Por isso as equipes derrotadas pelo Brasil parecem estar ganhando os jogos quando cantam ao final deles. Não temos torcida na Alemanha. Temos ganhadores de promoções publicitárias.
Nada contra as empresas que pagam as contas da Copa e, por tabela, as minhas salsichas. Mas deveria haver um vestibular para torcer em Copa do Mundo. Não pode comprar um pote de azeitona e ganhar um assento atrás da meta do estádio de Berlim. É preciso saber o placar de Coréia do Sul x Bulgária, em 1986. Deveria valer um visto de entrada no país-sede quem trocasse um passeio em Marienplatz por um treino da Arábia Saudita.
Copa do Mundo não é só seleção brasileira. E não deveria ser apenas promoção.


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