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Sem escalas



O país tem pressa.
Nos aeroportos, entretanto, reina a confusão.
Atrasos. Filas. Derrapamentos. Riscos de acidente no ar.
Benito era um importante executivo.
Ele tinha uma série de viagens marcadas para o Nordeste. O medo e as inquietações acenderam seu lado místico.
-Melhor eu me benzer antes.
O terreiro de pai Futaba oferecia serviços aos viajantes.
-Vai no aeropôruto sem puroburema.
O segredo era um poderoso banho de ervas.
E um chá místico de sabor desagradável.
Benito ingeriu a mistura. As visões surgiram na fila do check-in.
A figura de Santos Dumont apareceu pairando num balão.
-Me siga, Benito... vem por aqui...
O desbravador brasileiro dos céus conduziu Benito até uma pista de pouso. Onde um jatinho aterrissava velozmente.
Benito foi atropelado. Chegou ao céu em vôo sem escalas.
Aeroportos podem ser controlados. A mente humana, jamais.
 voltaire.souza@bol.com.br


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