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EM CIMA DA BOLA

 Flávio Araújo

Alma enlutada

Queria dar continuidade ao que escrevi na última coluna sobre a final da Copa América. Da necessidade que o crítico tem de criticar. Tinha muito a falar ao Dunga. Que não teve um comportamento de técnico vitorioso que inicia uma caminhada de conquistas aprendendo um novo ofício na própria seleção do Brasil. Também queria falar das medalhas que estão vindo, das que não vieram e daquelas que ainda possam estar a caminho. Mas estou vazio por dentro. Minha alma está de luto. Não tenho condições de pensar, falar ou escrever sobre esportes. Sofro a mesma dor daqueles que choram as duas centenas de mortos na tragédia repetida. Leio tudo o que se escreve para se evitar a seqüência de acontecimentos tão dolorosos neste país entregue a poderes incapazes, senão insensíveis. Rita de Cássia Araújo, minha nora, por ideal se uniu à luta pela melhoria de nossas condições aeroportuárias. Mesmo se multiplicando numa faina desumana para suprir sozinha a criação e educação de seus filhos por não ter recebido até hoje as indenizações legítimas do processo que move contra essa mesma TAM pela perda de seu esposo, meu primogênito, Flávio Araújo Filho em 1996. Aconteceu há mais de dez anos! Daqui a outros dez estaremos discutindo as ranhuras na pista de Congonhas e se as vítimas da nova tragédia tem ou não direitos de ressarcimento. É assim que o Brasil caminha. Caminha? Choro contigo, Brasil.

  Flávio Araújo , jornalista e radialista escreve aos domingos neste espaço.
Correspondência para o E-mail: flaypi@uol.com.br


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