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Deus não é brasileiro, é felipônico

MUNIQUE (ALE) - Recorde de expulsões, ferro-play em todos os cantos do campo, antijogo dos dois lados. Portugal e Holanda fizeram um embate digno de ser julgado em Nuremberg. Não é o jogo que queremos mostrar aos nossos filhos. Mas é a partida para a gente guardar para contar aos netos.
Quem já torceu por um time de Felipão sabe o que é isso.

Na bola, a Holanda mostrou que tem bom time para 2008, quando o elenco estiver mais maduro, e o treinador, também. Porque tudo de ótimo que Marco van Basten fez na grande área ele deixou de fazer em Nuremberg ao manter Kuyt em um ataque ofensivo à tradição goleadora da seleção holandesa.
Minha prima lidera o bolão da firma dela. A grã-fina do Nelson Rodrigues e a Cora Rónai do jornal "O Globo" têm mais noção do esporte que ela. Não é caso isolado. Você deve estar atarantado por estudar feito um nerd as partidas, por ver os treinos das seleções, soçobrar na internet, e ser ultrapassado por aquela pessoa que acha que o Brasil ter de jogar com Gana significa a seleção jogar com mais garra.
É a mesma sensação que você deve ter quando vê na mídia gente dormindo durante o jogo, metendo o pau em qualquer jogador que não é brasileiro, e achando que todo time africano é muito técnico e irresponsável taticamente, e que zagueiro europeu é cadeirudo.
Nada contra gente ganhar dinheiro por palpitar. O problema é que tem gente paga por palpitar com o mesmo desconhecimento de causa.
(A propósito: estou em sétimo no bolão da redação na Alemanha, e antepenúltimo em outro).


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