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 Voltaire de Souza

Piratas do Atlântico



Sol. Cerveja. O dia para vadiar. Nada melhor que um passeio de lancha. O famoso político Lindolino Amado recebera um convite irrecusável.
Seu amigo Dudu Pedreira era dono de uma poderosa construtora.
- Vamos ter uma conversinha... o dia está bonito...
- Seu convite é uma ordem, Dudu.
Nas águas calmas do Oceano Atlântico, a lancha deslizava docemente. Cerveja, vodca e cachaça constavam do serviço de bordo.
Lindolino se lembrava do passado. As lutas. As prisões. As utopias. Os ideais. Agora, a negociata. A roubalheira.
Lindolino foi ficando emotivo. Pensou nos filhos.
- Tudo isso... eu faço por eles...
Depois, a raiva. O ressentimento. O conflito.
- Mafioso. Corrupto. Eu te odeio, Dudu.
Levantou-se cambaleante no convés da lancha.
- Socialismo ou morte! Viva o Che Guevara.
Uma curva fechada. Lindolino foi ao mar. De onde só foi retirado sem vida.
Antigos ideais são como um tesouro perdido.
Em tempos de pirataria brava, ficam no fundo do oceano.
 voltaire.souza@bol.com.br


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