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Governo nega tempo de
trabalho
maior
PREVIDÊNCIA DIZ QUE NÃO HÁ ESTUDO
PARA INSTITUIR FATOR 95, NÚMERO QUE
SERIA A SOMA DE IDADE E CONTRIBUIÇÃO.
REGRA AUMENTARIA TEMPO DE TRABALHO
O Ministério da Previdência
nega que esteja em estudo
uma nova fórmula de cálculo
da aposentadoria que leva em
conta o fator 95. Por esse sistema, para se aposentar, a
soma do tempo de contribuição e da idade do trabalhador
não poderia ser inferior a 95.
Como atualmente essa soma
está em 89,2, seria preciso
mais três anos de trabalho
para pedir a aposentaria.
Segundo informou o governo, Helmut Schwarzer, secretário da Previdência Social,
que é responsável pelos estudos do Fórum Nacional da
Previdência, não tem conhecimento dessa fórmula.
No entanto, em reportagem
publicada pelo Agora no dia
14 do mês passado, o próprio
secretário-executivo do Ministério da Previdência, Carlos
Eduardo Gabas, anunciou a
proposta. "Seria feita a soma
da idade e do tempo de contribuição. De acordo com o resultado, seria uma faixa de
aposentadoria. Quanto maior
a idade e o tempo de contribuição, melhor seria a aposentadoria", disse, na época.
Em outra reportagem, de 24
de junho, o economista do
Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) afirmou
que "o governo tem trabalhado com o resultado mínimo de
95". Ontem, em uma nova reportagem, Paulo César de Andrade Almeida, da Secretaria
Executiva do Ministério da
Previdência, confirmou o modelo em estudo. "O modelo
está em estudo e vai substituir
o fator previdenciário", disse.
O Agora fez projeções de
quanto o fator 95 poderia aumentar o tempo de trabalho
para que um empregado se
aposentasse. Como hoje a idade média do trabalhador, ao
se aposentar por tempo de
contribuição, é 54,2 anos, o
fator atual está em 89,2 (adicionados o tempo mínimo de
contribuição de 35 anos). Para
chegar aos 95, seria preciso,
pelo menos, mais três anos de
idade e três de contribuição.
No entanto, essa regra só deveria valer para as próximas
gerações de trabalhadores.
Propostas
O governo ainda deve apresentar suas propostas no Fórum Nacional da Previdência.
O senador Paulo Paim (PT-RS)
e o presidente do Sindicato
Nacional dos Aposentados e
da Força Sindical, José Batista
Inocentini, já têm conhecimento da proposta da soma
da idade e da contribuição.
"Achamos que deve ser discutida uma fórmula para acabar com o fator previdenciário, mas que não tire direitos
dos trabalhadores", afirmou
Inocentini, que é contra o fator 95. Para Paim, a proposta
está em estudo dentro do governo e, se houver consenso,
a mudança na regra entraria
em vigor para novos trabalhadores. Para os que estão no
mercado de trabalho, Paim
defende uma fórmula de
transição. "São idéias para se
levar a debate."
O governo realiza, até agosto, o Fórum Nacional da Previdência para discutir as propostas para a reforma do setor. Um projeto será enviado
ao Congresso neste ano. Já foi
falado que uma das idéias seria instituir uma idade mínima para os trabalhadores, já
que, atualmente, eles se aposentam cedo por tempo de
contribuição -54 anos (homens) e 51 (mulheres).
"A fórmula 95 seria um jeito
de instituir a idade mínima, já
que faria o trabalhador contribuir até os 60 anos para se
aposentar com 35 anos de
contribuição. É um debate
que precisa ser feito", diz o
advogado previdenciário
Daisson Portanova. (EN e PM)
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