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 Bebê morre em PS à espera de atendimento

FAMILIARES E TESTEMUNHAS CONTAM QUE CRIANÇA CHEGOU À UNIDADE COM FEBRE. SEM SER ATENDIDA, MORREU NO COLO DA MÃE. HOSPITAL VAI APURAR

Familiares de uma menina com 11 meses de vida afirmam que ela morreu na fila de espera do Pronto-Socorro do Hospital Municipal do Campo Limpo (zona sul de SP), na noite de anteontem, e acusam recepcionistas e médicos da unidade de omissão de socorro e negligência no caso. Segundo os parentes de Flávia Vieira da Silva, a criança estava gripada havia três dias e recebia medicação para febre. No final da noite de anteontem, porém, o bebê teria passado a apresentar dificuldades para respirar.
A mãe, Ana Patrícia Vieira dos Santos, 25 anos, pediu a ajuda do cunhado e da sua mãe para levar a criança até o PS pediátrico.
O cunhado, Rafael Antunes, 21, diz que, ao chegarem ao PS, às 21h, um recepcionista viu que o bebê "tentava puxar o ar para respirar, mas não conseguia, e estava começando a virar os olhos".
Mesmo assim, ele teria pedido para que aguardassem atendimento, que demoraria até cinco horas.
Segundo testemunhas, cerca de meia hora depois, a mãe percebeu que o bebê não apresentava qualquer movimento e pediu ajuda. Os médicos do PS teriam, então, levado a criança para dentro do setor de atendimento.
Minutos, depois, porém, informaram que ela estava morta. Pelo menos oito testemunhas afirmam que o bebê chegou vivo ao hospital municipal. Os familiares deixaram o PS pouco antes da meia-noite. Abalados, foram ao 92º DP (Parque Santo Antônio) registrar boletim de ocorrência sobre o caso.
Segundo o delegado titular, Waldemar Alves Carneiro Junior, foi aberto um inquérito para apurar se houve crime.
O pai de Flávia, o motoboy Éderson Alves da Silva, 23, diz que a família quer a punição dos eventuais responsáveis.
"Queremos justiça. Não estamos interessados em dinheiro, mas essa história não pude ficar por isso mesmo."
Precário

Às 15h de ontem, a situação na sala de recepção do PS Campo Limpo era caótica. Com suas crianças, mais de 70 mães aguardavam atendimento. Cerca de um terço esperava de pé. Elas contaram que haviam sido informadas de que só havia um médico para atendê-las.
Às 16h, algumas -principalmente as que aguardavam por mais de seis horas- protestaram. "As crianças estão passando mal. Isso aqui não é um PS de bebês, é um PS de defuntos", gritava a auxiliar Vanessa Maria de Jesus, 23.
Já a doméstica Clarice Pereira de Moraes, 34, aguardava há cinco horas porque o filho de dez anos estava com uma forte alergia. " É muita humilhação." (Flávio Ferreira)



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