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Depressão deve ser
tratada sem preconceitos
DOENÇA É COMUM E PACIENTES TÊM
HOJE MAIS ALTERNATIVAS DE REMÉDIOS
QUE CAUSAM MENOS EFEITOS COLATERAIS.
A TERAPIA É ACONSELHADA POR MÉDICOS
Quando a tristeza se torna
constante, não há vontade
nem de levantar da cama por
dias seguidos e o choro vem
por qualquer motivo, atenção:
você pode estar sofrendo de
depressão. Apesar de muita
gente afirmar que é "frescura", ela é uma doença, que
precisa de tratamento adequado e com medicamento
prescrito de forma correta.
A dona-de-casa Maria José
Abatepaulo de Barros, 54
anos, sabe bem o que é isso.
Faz nove anos que ela começou a sofrer com os sintomas
da doença. Seu desânimo era
tanto que, em alguns dias,
nem sequer conseguia fechar
a mão. "Se deixassem, ficava
o dia inteiro na cama", conta
Maria José. Apesar dos preconceitos da própria família, a
dona-de-casa procurou ajuda
médica e recebeu o diagnóstico. Com o medicamento, voltou às atividades normais.
O psiquiatra Sérgio Nicastri,
do Hospital Albert Einstein,
afirma que ainda há muito
preconceito e relutância em
relação ao uso desses remédios. Para ele, as pessoas têm
de se conscientizar que depressão é uma doença. "É como querer fazer a pressão
baixar apenas com a força do
pensamento", compara.
Um dos primeiros tabus que
o psiquiatra aponta que deve
ser quebrado é quanto à dependência: "Antidepressivo
não vicia", sentencia. Eles são
muitas vezes confundidos com
os calmantes -que, sim, levam à dependência química.
Nicastri também garante
que os antidepressivos estão
cada vez mais seguros e com
menos efeitos colaterais. Mas,
em alguns casos, como em
depressões mais pesadas, é
inevitável o emprego de substâncias mais antigas, como as
tricíclicas e tetracíclicas. É recomendado, reforça, a associação de medicamentos com
terapia. "Cerca de 20% da
população têm episódios depressivos pelo menos uma vez
na vida. Desses, 15% a 20%
apresentam tendências suicidas", alerta. E completa: "Se a
doença não for tratada, pode
até levar à morte."
Psicóloga e terapeuta sexual
do Instituto H. Ellis e doutoranda em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP,
Margareth dos Reis conta que
encaminha o paciente para
psiquiatras quando percebe
que ele não tem melhoras só
com a terapia. "Quando a
pessoa sente perda de energia, de interesse em sexo, alterações de sono e apetite é
ideal que passe por uma avaliação clínica", recomenda.
O psiquiatra Frederico Navas
Demétrio, do Laboratório de
Doenças Afetivas do Instituto
de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas, conta que são diversos os tipos de antidepressivos, que nem sempre são
usados para combater a
doença. Pelos seus efeitos
marginais, podem ser receitados para combater ejaculação
precoce ou tabagismo. Por isso, não adianta achar que o
que curou um amigo pode
servir para você e se automedicar. "É preciso análise clínica criteriosa, feita por um
profissional." (Eduardo Vallim)
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