Projetista devolve mala com R$ 200 mil ao dono

EMPRESÁRIO DE FRANCISCO MORATO ESQUECEU MALETA EM BAGAGEIRO DE TREM. MORADOR DE JUNDIAÍ A ENCONTROU, DEVOLVEU E GANHOU R$ 110 DE PRÊMIO

No dia 20 de julho, o projetista de caldeiraria Antônio Fernando Rodrigues, 53 anos, saiu do trabalho em Diadema (ABC) e pegou o trem em São Paulo em direção a Jundiaí (60 km de SP), como sempre faz. No meio do caminho, encontrou no bagageiro do veículo uma maleta com cerca de R$ 200 mil em dinheiro, documentos e objetos de valor.
Levou-a para casa e, no dia seguinte, deu o exemplo que devia inspirar toda investigação de corrupção: buscou o dono e devolveu a valise. "Não peguei o dinheiro nem nada da mala porque não era meu", resume Rodrigues, que parece não ter idéia da representatividade do gesto.
Morador de Francisco Morato (Grande SP), o empresário e consultor financeiro Joaquim (nome fictício), 51 anos, foi buscar a mala na Caldemaq Caldeiraria, empresa em que Rodrigues trabalha, em Diadema (Grande SP). Depois de recuperá-la, deu uma pequena gratificação: R$ 110.
"Dei a ele o dinheiro que realmente me pertencia. O restante fazia parte do meu trabalho. Carregava dinheiro de empresas. Dentro da mala havia dinheiro, cartões de crédito, promissórias, duplicatas, dois talonários de cheques cheios e uma calculadora financeira", conta o consultor, que pediu para que a sua identidade seja preservada.
"Quando encontrei com o Fernando, dei um abraço nele. É uma pessoa bacana, um amigo que fiz. Fui buscar o dinheiro e falei para o chefe dele que tinha uma jóia preciosa dentro da empresa."
Como milhares de brasileiros na tarde de ontem, o consultor financeiro parou em frente da TV para ouvir o depoimento do ex-ministro José Dirceu. "Acho que é um contraponto [aos casos de corrupção que estão sendo investigados em Brasília]. O Fernando foi uma pessoa honesta 1000%", disse.
Segundo o consultor, não é comum andar com a maleta cheia de dinheiro. "Naquele dia eu estava atrasado para uma reunião e não passei na empresa para deixá-la. Na volta, perdi a valise e só percebi em casa." (Fábio Mazzitelli, Mirla Prieto e Wanezza Soares)

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