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Metrô economiza R$ 62 mi  por km na linha 4

CONTRATO QUE IMPEDE METRÔ DE FISCALIZAR OBRA E CARACTERÍSTICAS DA REGIÃO NA LINHA DA CRATERA BARATEARAM TRECHO EM CONSTRUÇÃO

Ao abrir mão de fiscalizar o passo-a-passo da obra da linha 4 - amarela (Luz/Vila Sônia), o Metrô conseguiu economizar cerca de R$ 62 milhões em cada quilômetro de linha construída em comparação com o trecho em construção da linha verde.
A economia de 29,5% é um comparativo feito com a linha amarela em relação ao preço pago hoje por cada km que está sendo feito no prolongamento da linha 2 - verde (Vila Madalena/Alto do Ipiranga).
A contratação do Consórcio Via Amarela para executar a obra com o contrato tipo "turn key" (chave na mão, em tradução livre), ou "porteira fechada", permite ao consórcio -responsável pela construção da linha 4- autonomia para se auto-fiscalizar durante a execução das obras com uma atuação menor dos funcionários do próprio Metrô.
Nos 3,5 km de prolongamento da linha verde -que em março deve chegar até o Alto do Ipiranga- estão sendo gastos R$ 954 milhões, enquanto nos 12,8 km da linha amarela estão sendo investidos R$ 2,6 bilhão. Por cada km de linha estão sendo gastos R$ 272 milhões e R$ 210 milhões nas linhas verde e amarela, respectivamente.
Apesar de sair mais barata, a obra na linha amarela, segundo especialistas, é mais complexa por incluir, por exemplo, um túnel sob o rio Pinheiros e precisará de equipamentos avançados para perfuração do solo, como o tatuzão -equipamento de escavação de túneis cujo custo é de cerca de R$ 80 milhões.
Mesmo sendo mais econômica, o contrato do tipo "turn key" é criticado por especialistas e, inclusive, pela Aeamesp (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô). O vice-presidente da Aeamesp, Emiliano Stanislau Affonso, 53 anos, conta que a diferença na forma de pagamento é que no contrato convencional a empreiteira recebe por serviço prestado, e, no "turn key", o pagamento é feito por um preço fechado, que possibilita uma certa redução no preço final da obra.
Ele ressalta, porém, que o contrato "turn key" não significa que a obra será menos segura e que o modelo de contrato também não pode ser apontado como a única razão para o barateamento da obra. "São obras construídas em regiões diferentes e com características distintas."
A informação, porém, é contestada pelo Sindicato dos Metroviários. Segundo a entidade, pagar menos pela obra e não acompanhá-la de perto pode gerar mais riscos e conseqüentemente acidentes. "Cada metro escavado nas obras é checado pelos metroviários. Nesta linha, quem dá o aval para seguir para o próximo metro é a construtora. O Metrô não interfere", criticou o diretor do sindicato, Manoel Xavier Lemos Filho.
Já o presidente da ONG Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, explica que no contrato "turn key" a construtora é totalmente responsável pelo empreendimento, inclusive pela fiscalização da obra.
"Os gerentes que executam as obras trabalham por rendimento e são responsáveis também pela fiscalização", detalhou Abramo, que comentou que esse tipo de contrato é feito com o objetivo de entregar a obra -no caso, o metrô- já funcionando.  (Giovanna Balogh e Diego Zanchetta)



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