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24/05/2012 - 07h32

HÁ 20 ANOS: Para classe média, Brasil não passará de mero espectador na Eco-92

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DANILO JANÚNCIO
DO BANCO DE DADOS

Folha, 24.mai.1992 - Os brasileiros de classe média acreditam que o tom da Eco-92 será dado pelas grandes potências, que o Brasil não passará de um mero espectador da conferência e que o país será o alvo das críticas por não possuir política ambiental nenhuma.

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Essas opiniões constam em pesquisa realizada pela agência de propaganda Standard, Ogilvy & Malther, que ouviu homens e mulheres de classe média residentes em São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Curitiba e no Rio.

A classe média aposta que a conferência terá resultados positivos (64%). Os cariocas, por exemplo, relatam os efeitos que a Eco-92 trouxe ao Rio: citam a Linha Vermelha (60%), o policiamento mais intenso (6%) e até o recolhimento de mendigos e camelôs (7%).

Entre os pessimistas, há os que acreditam que o evento não passará de um exercício de retórica (27%), que servirá para gastos inúteis e abrirá oportunidades à corrupção. Para a atriz Fernanda Torres, 26, a impressão é a de que a Eco-92 "é uma coisa armada, que caiu de paraquedas no Rio". Ela diz o que parece ser o senso comum: "É algo meio distante da vida cotidiana."

Jorge Araújo - 3.jul.92/Folhapress
Neto, jogador do Corinthians, posa para foto, em São Paulo
Neto, meia do Corinthians, teme que a Eco-92 fique no papel

Embora criticada, a conferência merece crédito, o que não ocorre com a avaliação do governo Collor na área ambiental. Para 81% dos entrevistados, a gestão é ruim ou péssima.

Quem também critica a atuação do governo na área ambiental é o jogador Neto, do Corinthians. Ele teme que a Eco-92 fique só no papel. "As medidas devem ser permanentes", diz. No entanto ele concorda com o governo em um ponto: preservar exige dinheiro.

Os dados mostram também que a maioria (86%) acha que a população não está suficientemente preocupada com questões ambientais. A tese central da Eco-92 --a de que os países podem se desenvolver sem destruir o ambiente, batizada de "desenvolvimento sustentável"-- conquistou a aprovação da maioria (84%).

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MUNDO

Os 12 países da Comunidade Europeia (CE) decidiram ontem apoiar a proposta de envio de uma força militar para manter o aeroporto de Sarajevo aberto. O objetivo é garantir que o auxílio humanitário aos refugiados na Bósnia chegue a seu destino. O aeroporto é disputado pelas forças do governo bósnio e pelos sérvios apoiados pelo Exército iugoslavo.

A proposta europeia é enviar uma força de grande escala à Bósnia, com meios aéreos e terrestres, a exemplo do que foi feito no Curdistão iraquiano. Para os chanceleres da CE, o Conselho de Segurança da ONU deve aprovar uma força de paz no país.

A posição da CE vai na mesma linha da adotada pelos EUA, que admitiram o envio de tropas internacionais para acabar com o conflito, que deixou mais de 1.300 mortos desde março.

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ELEIÇÃO 1992

O ex-governador Paulo Maluf (PDS) continua liderando a preferência dos eleitores para a Prefeitura de São Paulo com 34% das intenções de votos, segundo a quinta pesquisa Datafolha, realizada no último dia 19.

O empresário Silvio Santos (PFL) passou de 17% para 19% e já está tecnicamente empatado com o candidato do PT, senador Eduardo Suplicy, que caiu de 23% para 21% em relação à pesquisa anterior.

Os números referem-se à comparação da preferência do eleitorado numa situação em que estão incluídos os possíveis candidatos: Maluf, Suplicy, Sílvio Santos e José Serra (PSDB) --este último ficou com 8% das intenções de voto.

Segundo a pesquisa, o empresário e apresentador Silvio Santos foi o nome mais rejeitado pelos eleitores. Com 34% de rejeição, ele superou Maluf, que ficou com 33%.

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BRASIL

A mulher e o homem que vivem juntos durante anos e depois se separam poderão, em breve, ter reconhecidos seus direitos à pensão alimentícia e à divisão do patrimônio em partes iguais. O projeto é de autoria do senador Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) e está em andamento no Congresso Nacional.

A Constituição de 1988 reconhece como família a união entre homem e mulher não casados oficialmente, mas não trata dos seus direitos e deveres. Qualifica a relação de "união estável", mas não explica seu conceito.

Aprovada no Senado, a nova lei determina que o patrimônio adquirido durante a união de homem e mulher por cinco anos pertence aos dois, mesmo que esteja registrado no nome de um só deles.

Pelo texto, o direito à pensão alimentícia é reconhecido apenas à mulher que for "injustamente abandonada" após cinco anos de convivência. Atualmente, a Justiça reconhece o direito da mulher não casada de receber parte dos bens somente quando é provada a sua contribuição na formação do patrimônio.

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REVISTA DA FOLHA

Ciro Coelho - 24.mai.1992/Folhapress
O empresário Antonio Ermírio de Moraes que acabada de entrar em férias após 35 anos de trabalho
O empresário Antonio Ermírio de Moraes, que acaba de entrar em férias depois de 35 anos de trabalho ininterrupto

Depois de 35 anos de trabalho ininterrupto, o empresário Antonio Ermírio de Moraes, proprietário do grupo Votorantim, o maior conglomerado privado do país, decidiu tirar duas semanas de férias.

Há uma semana, ele e a mulher, Maria Regina, viajaram para as Montanhas Rochosas, nos EUA. A última vez que ele havia se desligado do trabalho foi em 1957. Pouco antes, em 1953, durante viagem de lua de mel na Europa, Antonio Ermírio dividiu sua viagem de núpcias com visitas a "meia dúzia de fábricas", a pedido do pai.

Aos 63 anos, o empresário não pensa em se aposentar. Sobre concorrer a algum cargo público, diz que política "cansa muito", mas não se arrepende de ter disputado o governo de São Paulo em 1986.

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FRASE

"O comando achava que o local não tinha importância estratégica ou econômica."

VASSILI PETRENKO
general soviético, sobre o que o governo da URSS achava do campo de extermínio Auschwitz. Petrenko participou dos ataques para conquistar o campo, liderados pelo general Pavel Kurochkin, que ignorou orientações de Moscou e acelerou a marcha de suas tropas rumo a Auschwitz

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Leia mais no Acervo Folha

Há pouco dias da Eco-92, 4.000 jornalistas já estavam credenciados para a conferência. O número superou as expectativas da ONU, de acordo com o presidente da Radiobrás, Ruy Pontes. Segundo ele, será necessário instalar mais 50 stands para a imprensa em uma área externa do Riocentro. Entre os jornalistas inscritos, 2.500 são estrangeiros.

 

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