Conferência do clima da ONU começa no Peru em meio a otimismo e aflição
Xu Zijian/Xinhua | ||
Espectador da conferência do clima da ONU entra em estacionamento de bicicletas do evento em Lima |
A 20ª conferência do clima da ONU, COP 20, começa hoje em Lima, no Peru, num ambiente que mescla otimismo e aflição. Apesar de um recente acordo entre China e EUA ter dado ao planeta a perspectiva de avançar na redução de emissões de gases do efeito estufa, promessas ainda estão aquém daquilo que a ciência diz ser necessário para evitar um aquecimento "perigoso" do planeta.
O principal objetivo do encontro na capital peruana é progredir nas negociações até um ponto que torne possível fechar um acordo na COP 21, marcada para dezembro de 2015, em Paris, quando chefes de estado se reunirão para discutir o problema.
A função do documento é estabelecer objetivos de mitigação do aquecimento global para o período pós-2020, quando se encerra a vigência do acordo de Copenhague.
Assinado em 2009, este outro texto fracassou na tentativa de impor metas de redução de emissões aos países. O formato do próximo acordo -com metas obrigatórias ou voluntárias, por exemplo- ainda não foi definido. O esboço que circula entre diplomatas deixa este e muitos outros pontos em aberto.
Após o fracasso de Copenhague, os 196 países da Convenção do Clima da ONU decidiram adotar outro processo, no qual cada nação deve dizer qual redução de emissões pretende oferecer para que a soma global atinja o corte necessário no CO2. EUA, China e União Europeia, já acenaram com promessas.
Editoria de arte/Folhapress | ||
Enquanto os Estados Unidos assumem o compromisso de reduzir as emissões em 2025 entre 26% e 28% em relação a 2005, a China ompromete-se a atingir o ápice de suas emissões até 2030, quando então elas deverão começar a cair. A União Europeia promete cortar 40% de suas emissões até 2030, em relação a 1990
A mera existência de propostas abertas é um progresso, mas os números ainda não são ambiciosos o suficiente para conter o aumento de temperatura de 2°C em relação à era pré-industrial, estabelecido como perigoso por cientistas do painel do clima da ONU. O que a ciência recomenda é um corte de 40% a 70% até 2050, com emissões zeradas em 2100.
Até abril de 2015, todos devem acenar com propostas de redução de emissões para o período pós-2020. O acordo sino-americano pode atuar agora como um fator de pressão para que outros grandes emissores coloquem suas cartas na mesa antes disso.
O Brasil, 12º maior emissor, não deu sinal de que abrirá o jogo em Lima, apesar de ter apresentado meta voluntariamante no acordo de 2009 (cortar até 39% das emissões projetadas para 2020).
Como a etapa decisiva para fechar o próximo acordo é daqui a um ano, fica difícil saber qual estágio de evolução das negociações deve ser visto como sucesso no Peru.
"É importante que Lima estabeleça diretrizes sobre o que países devem incluir em seus planos de ação climática depois de 2020", diz Andrew Steer, do World Resources Institute, ONG de pesquisa que dá suporte a negociadores. "Não dá para esconder as cartas até um dia antes de as negociações terminarem, como num jogo de pôquer."
Ainda está em aberto no esboço do novo acordo, por exemplo, qual ano-base deve ser usado para calcular cortes de emissões, e qual será o ano-alvo para estabelecer metas futuras. A indefinição dificulta a negociação.
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