2015 bate recorde e é o ano mais quente desde 1880
Mark Ralston - 22.nov.15/AFP | ||
Árvore morta em parque da Califórnia, em novembro, quando foram registradas temperaturas recordes |
As expectativas se confirmaram e 2015 foi o ano mais quente já registrado.
Antes, 2014 ocupava a liderança. Dos 16 anos mais quentes desde 1880 (quando começaram os registros), o mais antigo é 1998 –os outros 15 são do século 21.
Os dados são da Noaa (agência americana responsável pelos oceanos e atmosfera) e da Nasa (agência espacial americana).
Em climatologia, usa-se o termo "anomalia" para indicar uma mudança climática em relação ao referencial –no caso, a temperatura média global do século 20 (13,9°C). No ano passado, essa anomalia, ou seja, o aumento em relação à temperatura média global –em terra e nos oceanos– foi de 0,9°C.
Já em outubro, sabia-se que seria difícil alguém tirar a "taça" das mãos de 2015. Ao longo do ano, houve uma uma sucessão de quebra de recordes: houve o setembro mais quente, o fevereiro mais quente... E o último mês do ano foi também o mais quente de todos, desde 1880.
Um dos principais responsáveis pelo novo recorde é o El Niño, fenômeno natural e cíclico decorrente de um aquecimento das águas do Pacífico e que bagunça o clima em várias partes do mundo, inclusive provocando temperaturas altíssimas.
O El Niño de 2015 (que ainda não acabou) está entre os três mais fortes já registrados, junto aos de 1982 e 1997.
Outro culpado, segundo os cientistas, é o aquecimento global provocado pela ação humana –por meio de desflorestamento e emissão de gases-estufa, por exemplo.
Diferença em relação à média do século 20 em ºC
FUTUROLOGIA
A tendência natural da curva é continuar apontando para cima, e é possível que 2016 também seja um ano de recorde de temperatura, diz a climatologista da UFPR Alice Grimm. Um agravante, segundo ela, são as ilhas de calor, provocadas e intensificadas pela crescente urbanização.
Para frear o aumento, seria necessário que o chamado Acordo de Paris (que busca limitar o aquecimento global ao máximo de 1,5°C em relação à era pré-industrial) funcionasse e que houvesse uma renovação das matrizes energéticas, favorecendo a eólica e a fotovoltaica (solar), diz Tercio Ambrizzi, climatologista e professor da USP.
Mesmo com todo o empenho planetário em reverter o quadro, Ambrizzi não descarta novos recordes. "Mas é certo que as ações humanas podem mitigar esse aquecimento", afirma.
Para Paulo Artaxo, professor da USP e membro do IPCC (Painel Internacional de Mudanças Climáticas da ONU), a sorte já foi lançada. "É um processo que já está ocorrendo e se intensificando. Nas próximas décadas, vamos ter de lidar com climas quentes, precipitações intensas e estiagem prolongada, como a que afetou São Paulo nos últimos dois anos. A instabilidade climática vai continuar."
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