Conferência da ONU negocia implementação do Acordo de Paris
Wolfgang Rattay/Reuters | ||
Manifestante se fantasia de Donald Trump em protesto antes do início da COP-23 |
Na primeira reunião desde que os EUA anunciaram a saída do Acordo de Paris, delegados de 195 países discutem a partir desta segunda (6) a implementação da meta de manter o aquecimento global abaixo de 2°C, estabelecida em 2015 na capital francesa.
A COP-23, 23ª conferência das partes da Convenção sobre Mudança do Clima adotada no Rio de Janeiro em 1992, será na antiga capital da Alemanha Ocidental, mas o país-anfitrião é Fiji. O problema é que o pequeno arquipélago do Pacífico não tem estrutura para receber os 25 mil participantes previstos para a reunião.
As discussões principais serão em torno de como colocar em prática o Acordo de Paris. A padronização da contagem das emissões de carbono e o alto custo financeiro para trocar combustíveis fósseis por fontes de energia menos poluentes estão entre os temas centrais.
O grande elefante branco da sala é o presidente Donald Trump, que prometeu deixar o Acordo de Paris por "punir os Estados Unidos". No entanto, o segundo maior poluente do mundo (atrás da China) só poderá abandonar formalmente o tratado em 2020, por causa das regras às quais o país se comprometeu em 2015.
Para esquentar mais as animosidades, um evento da comitiva dos EUA promoverá o uso do carvão, considerado um dos combustíveis mais poluentes, em meio a medidas recentes adotadas por Washington para reavivar o setor.
Para a reunião, Trump enviará o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos e ex-embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon.
Pelo lado brasileiro, a comitiva será encabeçada pelo ministro do Meio Ambiente, Zequinha Sarney (PV-MA), que chega na segunda semana. Sua pasta será responsável pelo Espaço Brasil, onde haverá debates sobre temas como desmatamento e Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Vários governadores da Amazônia Legal também estarão em Bonn, como o de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB). No dia 14, haverá o "Amazon Bonn", quando devem ser anunciados acordos de cooperação com a Alemanha e o Reino Unido para projetos contra o desmatamento.
Os governadores também devem promover um consórcio recém-criado entre todos os nove Estados amazônicos. O objetivo é captar recursos internacionais para a preservação ambiental.
Fora do circuito oficial, o Brasil também terá representantes de ONGs, como o Observatório do Clima, e lideranças indígenas, incluindo Sonia Guajajara, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.
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