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16/06/2010 - 10h53

Ministro australiano ataca "mensalão baleeiro"

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REINALDO JOSÉ LOPES
DE SÃO PAULO

A reunião anual da CIB (Comissão Internacional da Baleia) já enfrenta uma crise antes mesmo de começar. A Austrália pediu que se investigue o suposto suborno pago pelo Japão a nações pobres para que elas votem a favor da caça à baleia.

A denúncia foi publicada neste domingo pelo jornal britânico "The Sunday Times", cujos repórteres gravaram delegados de nações como Tanzânia e Guiné dizendo que os japoneses pagavam de passagens aéreas a prostitutas em troca do voto.

A revelação fez o ministro do Ambiente da Austrália, Peter Garrett, pedir uma "reforma robusta" da CIB, cujos 88 países membros se reúnem em Agadir, Marrocos, a partir de segunda-feira.

Desse encontro pode sair um acordo que libera a caça comercial desses mamíferos, suspensa desde 1986. O Japão continua caçando baleias, sob a alegação de que faz pesquisa científica.

"O fato é que faz décadas que a comissão tem sido dilacerada por esse tipo de afirmação e pela falta de avanços em temas-chave", declarou Garrett, ex-vocalista da banda Midnight Oil.

Embora haja vários relatos sobre o oferecimento de "incentivos" japoneses a nações do Terceiro Mundo, as novas acusações contra o principal país caçador parecem ser bem documentadas.

Os jornalistas fingiram ser representantes de um milionário suíço, lobista contrário à caça de baleias.

Encontraram-se com diplomatas de países africanos, do Caribe e do Pacífico, oferecendo dinheiro em troca da "mudança de lado" -de aliados do Japão a conservacionistas.

Sem saber que eram gravados, negociadores como Ibrahima Sory Sylla, da Guiné, contaram que o Japão paga viagens, hospedagem e diárias para eles.

MULHERES

Geoffrey Nanyaro, representante da Tanzânia na CIB, afirmou que os delegados também ganhavam viagens ao Japão com todas as despesas pagas -inclusive com prostitutas. "Eles perguntam: você vai querer massagem de graça? Não está sozinho? Não quer relaxar?"

Apesar de questionável do ponto de vista ético, nada no regulamento da CIB torna a "ajuda" japonesa ilegal.

"O Japão e seus aliados não dão muita bola para a opinião pública global. Não acredito que a investigação avance", diz José Truda Jr., membro de um grupo de ONGs conservacionistas latinoamericanas que acompanha os debates no Marrocos.

O Japão nega as acusações. Ontem, o ministro da Pesca do país, Masahiko Yamada, aumentou a pressão a favor da liberação da caça, ameaçando deixar a CIB se o encontro de Agadir não levantar a moratória à caça.

 

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