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02/09/2010 - 16h44

Em reunião pré-Cancún na Suíça, ONU alerta sobre inundações e secas

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VIRGÍNIA HEBRERO
DA EFE, EM GENEBRA

Mais de 40 países, representantes de todos os interesses na luta contra a mudança climática, debatem nesta quinta (2) e sexta-feira em Genebra (Suíça) como aumentar o financiamento no longo prazo de medidas para mitigar e adaptar-se ao aquecimento do planeta, a fim de preparar o terreno para a conferência de Cancún.

"Todos sabemos que a redução e a gestão do aquecimento climático exigirão importantes recursos financeiros. A regra da questão financeira é uma condição essencial para o sucesso das negociações de Cancún sobre o clima", assinalou o conselheiro federal suíço Moritz Leuenberger, ao inaugurar hoje este encontro.

Copresidido pela Suíça e México, o diálogo de Genebra sobre o clima é um encontro informal, que não faz parte das negociações oficiais da convenção da ONU sobre o clima, pelo qual não serão adotadas decisões.

Embora exista um consenso geral sobre a necessidade de aumentar os fundos para lutar contra a mudança climática, os países diferem sobre questões de como e onde partirão os recursos, qual será o papel do setor privado, que desenho terá o novo fundo sobre o clima e como será administrado o acesso e repartição dos fundos.

A secretária-executiva da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Christiana Figueres --sucessora de Yvo de Boer--, ressaltou hoje que recentes grandes desastres como as inundações do Paquistão e os incêndios da Rússia levaram "um crescente sentimento de urgência" nestas negociações.

A diplomata costarriquenha, que é a principal responsável destas negociações para reduzir as emissões de gases poluentes, acredita que ainda há esperanças de que na cidade mexicana de Cancún "possam ser adotadas decisões claras".

DINHEIRO

A base é o compromisso adquirido na conferência de Copenhague de 2009 pelos países industrializados de ajudar com US$ 30 bilhões aos países em desenvolvimento entre 2010 e 2012, e depois, até 2020, com US$ 100 bilhões cada ano.

A segunda quantia é julgada insuficiente pelos países em desenvolvimento. Na opinião de Figueres, "é difícil saber o custo da adaptação à mudança climática, isso só o tempo dirá, mas US$ 100 bilhões anuais é o mínimo que se requer".

Lembrou que "não está claro ainda de onde vai sair esse dinheiro, o que o certo é que uma só fonte de financiamento não pode gerar essa quantidade ao ano".

No centro das discussões está o conceito da responsabilidade histórica dos países industrializados em um problema, a mudança climática, que afeta todos.

Os países industrializados são responsáveis por 76% das emissões de dióxido de carbono até 2009, contra 24% dos países em desenvolvimento.

Mas a mudança registrada com o crescimento de grandes economias emergentes como China, a Índia e Brasil, acrescentou novos elementos à discussão, ao que se soma o fato de que os Estados Unidos, o maior poluidor per capita do planeta, é o único dos desenvolvidos que não assinou o protocolo de Kioto.

"Os governos dos países civilizados têm uma responsabilidade, mas é preciso entender que se só eles cumprem essa obrigação moral, não será suficiente", afirmou Figueres.

"Temos de buscar outras fontes de financiamento, que podem vir do setor privado, do mercado de carbono, de instrumentos interessantes e inovadores e, no fim, teremos diferentes fontes que podem chegar aos US$ 100 bilhões", acrescentou.

Embora tenha ressaltado "que os que causaram o problema historicamente, têm essa responsabilidade histórica...os países em desenvolvimento têm de evitar seguir os padrões de consumo e produção que tiveram os industrializados nos últimos cem anos".

Com relação ao papel dos Estados Unidos nesta luta global, opinou que "tem de participar do esforço global... de uma maneira paralela à responsabilidade histórica que tem".

E disse que a primeira economia mundial poderia "dar a sua indústria um grau de competitividade que está perdendo frente aos países que se deram conta que é preferível impulsionar uma indústria limpa, em vez continuar com uma obsoleta".

O México tenta assegurar mediante distintas reuniões que Cancún alcance êxito, e a chanceler mexicana, Patricia Espinosa, se somará esta noite à reunião de Genebra.

A ONU procura conseguir em Cancún um acordo global vinculativo e ambicioso que substitua o Protocolo de Kyoto sobre a redução das emissões de gás de efeito estufa quando este expire em 2012, mas a conferência vem precedida do fracasso da realizada em Copenhague.

 

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