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22/09/2010 - 09h43

Blocos de cimento revitalizam recife de coral nas Filipinas

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DA EFE

Milhares de pequenas cúpulas de cimento cuidadosamente colocadas durante três anos por um grupo de mergulhadores para favorecer o crescimento de corais revitalizaram um dos recifes mais valiosos das Filipinas.

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Chris Dearne, um inglês radicado há 20 anos em General Santos, ao sul da ilha de Mindanao, e seu amigo John Heitz, um americano que também mora nessa cidade, levaram três anos para colocar, com ajuda de outros mergulhadores, cerca de cinco mil cúpulas por toda a baía de Sarangani, de 230 quilômetros de extensão.

Itamar Greenberg/Reuters
Durante três anos, mergulhadores colocaram cúpulas de cimento na baía de Sarangani, com 230 km de extensão
Durante três anos, mergulhadores colocaram cúpulas de cimento na baía de Sarangani, com 230 km de extensão

Estas estruturas, que se assemelham a um pequeno vaso e têm por volta de um metro de diâmetro, atuam nas zonas danificadas como plataforma para que os organismos vivos se fixem e possibilitem que algumas pequenas criaturas marinhas possam viver nelas.

Dez buracos de aproximadamente 15 centímetros distribuídos por sua superfície como se fossem cavidades de uma rocha permitem que peixes e outros animais refugiem-se em caso de ataques de predadores.

Algumas cúpulas servem ainda de posto de caça para o peixe-leão ou para as moreias, que ficam entocadas à espera da passagem de uma presa que possam levar à boca.

"John e eu falávamos de como os recifes estavam mal e da falta de eficácia do governo e das ONGs no cuidado deles. Decidimos que tínhamos de fazer algo e tivemos a ideia de testar uma cúpula construída com cimento", explica Dearne.

Dois anos após a conclusão do projeto, as estruturas se transformaram no lar de dezenas de espécies da fauna marinha, que por sua vez atraem cada vez mais peixes, o que contribuiu para o aumento da pesca local.

"Desde que as cúpulas foram instaladas, a natureza tem se encarregado de decorá-las com todo tipo de organismo marinho. O crescimento de muitos deles é espetacular", afirma Dearne.

Durante uma imersão submarina, Chris e John vão mostrando com entusiasmo alguns dos blocos de cimento, pouco reconhecíveis após terem sido invadidos por uma explosão de vida em forma de corais, anêmonas habitadas por peixes-palhaço, estrelas do mar e até um polvo.

TESOURO?

O projeto não foi compreendido desde o princípio pelos pescadores locais, que contornavam as estruturas para comprovar se escondiam algum tesouro, mas Dearne se mostra satisfeito por terem entendido que a iniciativa é boa para eles.

O britânico, proprietário de uma escola de mergulho, destaca que os cerca de US$ 21 mil necessários para a construção das cinco mil cúpulas foram financiados por patrocinadores privados e ressalta o baixo custo do projeto, "se levarmos em conta o benefício ecológico que produziu".

"Há poucas pessoas dispostas a fazer algo para mudar o mundo, então temos que pensar de maneira local. Se todos trabalham para melhorar o que têm por perto, é possível atingir uma melhora global", acredita Heitz.

As águas das Filipinas pertencem ao Triângulo de Coral, uma área de 5 milhões a 7 milhões de KM2 limitada pela Indonésia, Malásia, Papua Nova Guiné, as ilhas Salomão e Timor Leste, na qual se concentram 75% das espécies de coral do planeta.

Com mais de sete mil ilhas, as Filipinas são o segundo maior arquipélago em biodiversidade da Terra, só superado pela Indonésia, mas da mesma forma que seu vizinho do sul, seus corais sofrem as consequências da pesca abusiva, da exploração turística, das devastadoras tempestades tropicais e também do aumento da temperatura dos oceanos.

 

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