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25/11/2010 - 09h23

Engenheiro substitui madeireiro tradicional em área florestal de Rondônia

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RICARDO MIOTO
ENVIADO ESPECIAL A RONDÔNIA

Ainda que escorrendo suor e cercados de dezenas de insetos per capita, os responsáveis pela empresa Amata têm mais cara de quem trabalha em um escritório na Berrini (região empresarial de São Paulo) do que no meio da floresta amazônica em Itapuã do Oeste, em Rondônia.

Esses profissionais, quase todos paulistas (o gerente de planejamento é paranaense), são exemplo do tipo de mão de obra qualificada da área florestal que foi para Rondônia depois que o governo federal concedeu a exploração da madeira da Floresta Nacional do Jamari à iniciativa privada.

Madeireiro pobre se sente excluído das concessões

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Contrastam com o modo tradicional de atuação das madeireiras no local, ao estilo velho oeste: terra de ninguém, com grilagem e desmatamento amador, ilegal e total dos terrenos, e madeireiros andando até armados.

"Quase todo mundo aqui fez Esalq", diz Roberto Waack, 50, CEO da Amata, em referência à sede do curso de engenharia florestal da USP em Piracicaba --biólogo pela USP, ele não poderia ter menos jeito de madeireiro.

Longe do Norte, até passa por um executivo qualquer: a sede comercial da Amata é mesmo na Vila Olímpia.

A empresa do desarmado Waack foi uma das três que ganharam a licitação para explorar por 40 anos a floresta do lugar de maneira sustentável (com técnicas de baixo impacto, tirando apenas as árvores maiores e deixando a mata se recuperar).

Editoria de Arte/Folhapress

VERGONHA

As outras duas, que também já estão cortando madeira na região há quase dois meses, têm como proprietários madeireiros tradicionais de Rondônia, mas que juram que madeira sem certificação ambiental é coisa do passado. Tiveram de trazer engenheiros de fora.

"Agora quero ficar só aqui na concessão. Para vender para fora tem de ser madeira certificada mesmo", diz Valdir Perutti, 56, da Madeflona, madeireiro desde 1991 na região, que acha mais normal ser chamado de chefe do que de CEO. "Já tive vergonha de dizer que era madeireiro, você era visto como criminoso."

Para conseguir se adaptar às exigências do contrato que assinou com governo, pediu a ajuda de um engenheiro florestal para montar uma equipe técnica.

"Eu chamei um rapaz de Santa Catarina para ser meu sócio, como se fosse meu filho mesmo", diz. A Sakura, empresa que completa o trio de madeireiras na Flona, também conta com engenheiros --o diretor técnico, aliás, também veio da Esalq.

Os lotes de cada empresa variam de tamanho, mas giram em torno de 30 mil hectares cada --algo como 200 parques do Ibirapuera contínuos de floresta densa. O governo vai receber R$ 3,3 milhões em 2011 de royalties pela Flona do Jamari.

Ela é a primeira a ser explorada pelo sistema de concessões --depois do governo levar quatro anos tentando colocá-lo de pé. O Serviço Florestal promete avançar mais rápido agora com novas concessões.

Para proteger a área que exploram, as empresas contam com o próprio governo e com segurança privada --na chegada da reportagem, um guarda uniformizado gordinho, mas com a confiança imponente de um Capitão Nascimento, se agilizou para abrir o portão.

Além disso, toda a região é vigiada por satélite. Esse controle serve tanto para os concessionários quanto para o Serviço Florestal, que pode saber se eles não estão desmatando mais do que o permitido pelo contrato.

O jornalista RICARDO MIOTO viajou a convite do Serviço Florestal Brasileiro

 

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