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Camisas carnavalescas
IVAN LESSA
COLUNISTA DA BBC BRASIL
Skindô, skindô e o único papo é carnaval. O falado tríduo momesco.
É vestir uma camisa listada e sai por aí e, em vez de tomar chá com torradas, tomar Parati.
Por falar nisso, citarei, nas linhas que seguem, algo ocultas, já que tratam de camisas e carnaval, algumas frases musicais de marchas e sambinhas de outras festanças passadas.
Veja o amigo leitor de quantas é capaz de lembrar. Não há prêmios. Como o carnaval, trata-se de simples cultivo à alegria e ao prazer. Hedonismo, digamos.
Acabaram de lançar aqui no Reino Unido, por ocasião do dia 14 do corrente, data do Dia dos Namorados deles, São Valentim, um preservativo destinado a ser um estouro na praça. Estouro no sentido o mais figurado possível.
Friso antes os números, que leitor só acredita em alguma coisa com estatíscas e números em sua frente. Pois bem, aqui nestas terras são vendidas 97 mil camisinhas em bares britânicos.
Você pensa que cachaça é água, cachaça não é água, não. Sim, eu disse bares. A empresa responsável não elucidou quantas camisinhas (eles acham que o nome é condom, coitados. Condom é um condomínio situado em bairro pobre e distante) são vendidas nas farmácias.
Mas SKYN, pois este o nome da firma e do produto que pretende revolucionar o mercado camiseiro, jogou no sacudido mercado um novo tipo de preservativo (sejamos mais pundonorosos), na data já mencionada, um produto destinado a revolucionar as regras dos deliciosos jogos amorosos. (Loirinha, loirinha, deusa do meu carnaval, desta vez em vez da moreninha tu serás rainha do meu carnaval.)
A novidade protetora é feita com com um novo material recentemente descoberto cujo nome científico é polisoprene. (Minha cachopa já chegou para brincar o carnaval, ôôô).
O poli - sejamos docemente íntimos - fornece, sempre segundo sua produtora, SKYN (pronuncie skin, feito pele, pois não?), uma sensação mais macia, mais natural às partes, melhor dizendo, à parte que se quer preservar ou fantasiar. Muito superior ao látex, garantem os porta-vozes da peça em questão. (Papai Balzac já dizia, mulher só depois dos trinta.)
O revolucionário SKYN dá um realce todo especial às travessuras de cupido, tanto para um quanto para outro de seus impetuosos participantes.
Um dado que eu desconhecia me foi revelado pela mesma companhia: o número de pessoas que comprava seus preservativos, camisinhas ou condômios, se quisermos inovar o léxico, era 80% composto de marmanjos. (Papai Adão, papai Adão já foi o tal, hoje é Eva quem leva.)
Agora as mulheres estão quase pegando-os se não pagando pelas peças em questão. A distribuição passou para 60% de homens e 40% de mulheres. As garotas começam a ameaçar um terreno que já foi quase todo masculino. (Ei, você aí, me dá um dinheiro aí!) Continuo sem saber se a compra é feita em bares ou farmácias. Mas o sexo frágil está metendo os peitos, salvo seja, e cuidado quando elas cismam, gente.
Sempre aproveitando o carnaval, pergunto: por que os produtores do SKYN não dão um passo mais ousado adiante e começam a decorar com motivos vários o produto que vendem fantasiando-o (Rasguei a minha fantasia, meu palhaço cheio de laço) com a riqueza que a situação, merece?
Vejo camisinhas, preservativos e condômios decorados com motivos tradicionais, como reproduções de clássicos da pintura renascentista e até mesmo moderna feito Kandinsky ou Mondrian ou paisagens interessantes do mundo em que vivemos tais como o Pão de Açúcar ou a torre Eiffel.
Poderiam até personalizar mais "a coisa" com auto-retratos ou a fachada de astros e estrelas de filmes e telenovelas.
Algo para se pensar nestes dias de folia. Evoé, Baco.
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