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24/11/2012 - 23h00

Sentimento separatista ganha força na Europa

DA BBC BRASIL

A Catalunha faz neste domingo (25) uma eleição que pode abrir caminho para um referendo sobre sua independência da Espanha, mas essa não é a única região da Europa onde cresceu o sentimento separatista nos últimos anos. Grã-bretanha, Itália e Bélgica vivenciam tendências semelhantes.

Os separatistas europeus têm se observado uns aos outros para definir suas estratégias e colaborado em organizações como a European Free Alliance (Aliança Livre Europeia), com sede em Bruxelas.

Se alcançarem suas reivindicações, em alguns anos podem mudar o mapa da Europa.

Em geral, esses movimentos têm crescido em lugares que, além de terem uma demanda histórica por mais autonomia amparada em questões culturais e sociais, se tornaram ilhas de prosperidade em meio à crise ou têm riquezas que alimentam as perspectivas de um futuro mais próspero (caso do petróleo da Escócia e da indústria catalã e a do país basco).

Os escoceses são, até agora, os que chegaram mais longe: em 2014 eles decidirão em referendo se saem ou não do Reino Unido. Mas as eleições gerais na Catalunha também se tornaram uma espécie de plebiscito sobre um referendo do mesmo tipo. Se o partido nacionalista Convergência e União vencer, a região pode seguir o mesmo rumo.

Abaixo, confira algumas regiões que, como a Catalunha, assistem ao crescimento de movimentos que pedem independência ou mais autonomia.

PAÍS BASCO, ESPANHA

Uma vitória nacionalista nas eleições regionais de outubro fortaleceu as aspirações separatistas também no País Basco, uma das regiões mais ricas da Espanha.

Na votação, o conservador Partido Nacionalista Basco (PNV) obteve a maioria dos votos e o Euskal Herria Bildu, uma coalizão de esquerda que defende abertamente a independência, ficou em segundo lugar.

Após a eleição, a expectativa era que o PNV e Bildu formassem uma coalizão para pressionar por um referendo sobre a independência da região. Por isso é razoável supor que os resultados das articulações para uma consulta popular na Catalunha possam influenciar os rumos tomados por essa outra região espanhola.

"É hora de começar a pensar como povo, como nação. É hora de parar com as ordens de Madri", disse, em outubro, Laura Mintegi, líder do Bildu.

Segundo analistas, o Bildu reúne as ambições políticas daqueles que no passado apoiaram o grupo separatista armado ETA, mas com uma diferença crucial: o partido condena o uso da violência para fins políticos.

ESCÓCIA, REINO UNIDO

Criado nos anos 30, o Partido Nacionalista Escocês (SNP, na sigla em inglês) venceu sua primeira eleição em 2007 e em 2011 conseguiu finalmente formar um governo de maioria.

Fortalecido, o primeiro-ministro, Alex Salmond, negociou com o governo britânico a realização de um referendo histórico sobre a questão da independência, que será realizado em 2014.

A consulta trará uma única questão: 5 milhões de escoceses devem responder "sim" ou "não". Se o "sim" vencer, os escoceses deixarão o Reino Unido, ao qual pertencem há três séculos.

Mas o processo abrirá novas dúvidas. Por exemplo, não está claro se a Escócia poderá permanecer na União Europeia (UE).

Alguns políticos escoceses dizem que sim. O entendimento das autoridades britânicas, recentemente endossada pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, é que uma nova adesão precisaria ser negociada com os outros integrantes da UE.

E, nesse caso, é razoável supor que países que enfrentam movimentos separatistas em seus territórios teriam interesse em vetar a nova inclusão.

Também há incertezas sobre o uso da libra como a moeda do novo país, a possibilidade de êxito da economia local sem a ajuda do governo britânico e a posse de estimados 20 bilhões de barris de petróleo e gás que estão em uma região do Mar do Norte.

FLANDRES, BÉLGICA

A queda-de-braço entre a próspera região de Flandres, ao norte da Bélgica e a mais empobrecida Valônia, no sul, é antiga.

Os flamengos, que falam uma língua semelhante ao holandês, reclamam que estariam subsidiando economicamente a Valônia, aonde o principal idioma é o francês.

Em outubro, o partido nacionalista Nova Aliança Flamenga, ganhou as eleições municipais em Flandres, o que ajudou a alimentar essa disputa.

Os nacionalistas venceram até na Antuérpia, cuja política local era dominada pelos socialistas desde 1930.

Bart de Wever, líder do partido, angariou apoio pedindo a transformação da Bélgica numa confederação, na qual os governos regionais teriam uma autonomia quase completa (mas assuntos de Defesa ainda seriam decididos em Bruxelas).

Ele é relativamente cauteloso quando o tema é independência, defendendo uma abordagem mais gradualista e negociação, em vez de um referendo separatista.

TIROL DO SUL, ITÁLIA

A província de Tirol do Sul (ou Trentino Alto-Ádige), na Itália, já tem certa autonomia de Roma e, por um acordo com o governo central, retêm 90% dos impostos coletados de seus 500 mil habitantes - dois terços dos quais têm o alemão como primeira língua.

A economia vai relativamente bem em comparação ao resto da Itália e os índices de desemprego são baixíssimos. Mas, com os italianos tendo de cortar seus gastos para fechar as contas do governo, as pressões para que Tirol do Sul aumente suas contribuições financeiras ao governo central estão crescendo.

São essas pressões que estão impulsionando a popularidade de políticos como Eva Klotz, do partido Liberdade do Tirol do Sul, que defende que a região se separe da Itália e se una à Áustria.

Por enquanto, a política local é dominada pelo moderado Partido do Povo, mas as eleições provinciais estão marcadas para o próximo ano - e a previsão é que o partido de Klotz amplie sua representação.

Além disso, com o sentimento anti-Roma em ascenção, até o secretário de Economia de Tirol do Sul, Thomas Widmann, do Partido do Povo, já chegou a propôr que a região "compre" sua "autonomia completa", pagando aos italianos 15 bilhões de euros (R$ 40 bilhões) - o equivalente à parcela da dívida pública italiana que caberia a seus habitantes.

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