Empresa britânica testa robô-cozinheiro treinado por campeão de 'Masterchef'
Uma empresa com sede em Londres lançou um protótipo de um "robô-chef" para ser usado em casa.
O produto está em demonstração na edição deste ano da Hannover Messe, uma feira de tecnologia industrial na Alemanha.
O equipamento aprende a cozinhar a partir dos movimentos de um humano cozinhando; os movimentos são transformados em comandos que guiam as sofisticadas mãos da máquina.
Quem está treinando o robô é Tim Anderson, vencedor de 2011 da versão britânica do programa de culinária Masterchef, exibido no Reino Unido pela BBC. O programa também tem uma edição brasileira.
Na feira de Hannover, Anderson fez a máquina preparar uma sopa de caranguejo.
"É o perfeito sous-chef (subchef)", disse ele à BBC.
"Você fala para ele fazer algo - seja preparação ou um prato completo, do início ao fim - e ele faz. E faz exatamente da mesma forma todas as vezes."
A expectativa dos fabricantes, a Moley Robotics, é de que o produto esteja disponível em dois anos. Ela quer que a unidade fique um pouco mais compacta, com uma geladeira e uma máquina de lavar louça acopladas.
O robô poderá, então, realizar todas as tarefas de um cozinheiro, desde picar os ingredientes, cozinhar no forno ou no fogão e terminar limpando as panelas sujas.
"Queremos que as pessoas se sintam confortáveis com o aparelho", diz Mark Oleynik, da Moley.
"Não é um aparelho industrial, não é um aparelho dez vezes mais rápido do que a velocidade normal. É um aparelho que trabalha na mesma velocidade que você."
Aplicativos
O objetivo é que o produto chegue ao cliente a um preço de 10 mil libras - cerca de R$ 45 mil.
É provável que haja procura pelo produto em apartamentos em área urbanos, onde espaço é uma raridade.
A ideia é dar suporte ao robô com milhares de aplicativos de receitas. A capacidade de captar movimento também permitiria que os donos ensinassem aos aparelhos suas receitas secretas.
A inovação-chave são as mãos. Produzidas pela empresa Shadow Robot, elas usam 20 motores, 24 articulações e 129 sensores para emular os movimentos das mãos humanas.
Rich Walker, da Shadow, acredita que seu apêndice robótico poderá acabar com algumas incertezas da cozinha, como quando a clara em neve fica no ponto.
"Alguma coisa mudaria: você veria no sensor. Talvez algo ficaria mais duro ou macio."
"Deveríamos conseguir detectar isso e usar como o ponto de transição para o próximo estágio do processo de cozinhar."
Robótica
Robótica e sistemas autônomos foram identificados pelo governo britânico como uma das "oito grandes tecnologias" que poderiam ajudar a reequilibrar a economia da Grã-Bretanha - com satélites, biologia sintética e o chamado "big-data".
Um relatório recente da consultoria McKinsey estimou que robótica avançada poderia gerar um impacto econômico entre US$ 1,9 trilhão e US$ 6,4 trilhões por ano em 2025.
Mas o uso de robótica nos lares está em estágio inicial.
Quando pensam em sistemas autônomos, poucos pensam na sua utilização prática doméstica.
Mas o professor David Lane da Universidade Heriot-Watt, acha que isso vai mudar.
"É interessante notar que (a empresa britânica) Dyson está lançando um aspirador de pó robô no Japão - um mercado que tradicionalmente adota novidades rapidamente", disse ele à BBC.
"Mas as pessoas, mais recentemente, estão dando pequenos passos na aceitação desta tecnologia."
"Um exemplo que sempre gosto de dar é o DLR [trem suspenso sem motorista] de Londres: todo mundo anda e ninguém pensa que não há um motorista, um humano, na frente."
"A Grã-Bretanha está em uma boa posição para aproveitar a nova onda da robótica que está vindo."
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade