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Escândalo com bilionária da L'Oréal vai virar filme na França
DANIELA FERNANDES
DA BBC BRASIL, EM PARIS (FRANÇA)
O caso envolvendo a bilionária Liliane Bettencourt, principal acionista da empresa de cosméticos L'Oréal e suspeita de evasão fiscal, que se transformou em um grande escândalo político na França, será o tema de um filme que começará a ser rodado em 2011, anunciou o produtor Thomas Langmann ao jornal "Le Monde".
A trama que mistura dinheiro, altas esferas do poder e a mulher mais rica da Europa, com uma fortuna estimada em 17 bilhões de euros, vai inspirar a obra cinematográfica que já tem até título: "Porque Eu Mereço", em referência a um slogan de propaganda do líder mundial de cosméticos.
Segundo o produtor, nem o orçamento do filme e nem o local das filmagens foram definidos.
O diretor do filme e também roteirista será Michel Hazanavicius, que já realizou filmes como "OSS 117 Rio não responde mais", uma paródia do agente 007 apresentada em um festival no Rio de Janeiro e São Paulo no ano passado.
CASO L'ORÉAL
O caso que movimenta a imprensa francesa há um mês começou com uma disputa familiar na Justiça.
A filha de Liliane Bettencourt, Françoise Bettencourt-Meyers, acusa na Justiça o fotógrafo François-Marie Banier de ter abusado da suposta fragilidade psicológica de sua mãe octogenária para extorquir 1 bilhão de euros em dinheiro, obras de arte e propriedades, além de contratos de seguro de vida.
Mas as revelações na imprensa das gravações clandestinas realizadas pelo ex-mordomo da herdeira da L'Oréal, que foram anexadas ao processo movido pela filha para comprovar a suposta fragilidade da mãe, transformaram o caso em um grande escândalo político, com desdobramentos diários no último mês.
As gravações sugerem que a bilionária teria realizado evasão fiscal e envolvem o ministro do Trabalho, Eric Woerth, também tesoureiro do partido do governo, UMP, até o final deste mês.
Ele é acusado de tráfico de influência, já que sua mulher trabalhava até junho passado na empresa Clymène, que administra a fortuna de Bettencourt. Woerth também teria feito vista grossa à suposta evasão fiscal da herdeira, além de ter recebido doações ilegais de Bettencourt para campanhas políticas, inclusive para a do presidente francês, Nicolas Sarkozy, em 2007.
Três inquéritos foram instaurados pela Procuradoria de Nanterre, cidade nos arredores de Paris, responsável pelas investigações.
INTERROGATÓRIO
Nesta segunda-feira, o ministro do Trabalho afirmou "jamais ter favorecido" a contratação de sua mulher pelo gestor da fortuna de Bettencourt em 2007 e denunciou "as mentiras e confusões voluntárias da imprensa".
Woerth reagiu às revelações do gestor da fortuna da bilionária, Patrice de Maistre, em um interrogatório à polícia na sexta-feira. Maistre, que ficou detido durante 36 horas, declarou que o ministro teria lhe pedido "para encontrar sua mulher a fim de aconselhá-la sobre sua carreira".
A Procuradoria de Nanterre informou nesta segunda-feira que Liliane Bettencourt será interrogada em breve sobre as gravações ilegais feitas em sua residência pelo ex-mordomo entre maio de 2009 e maio deste ano.
O jornal "Le Figaro" afirma que o ministro também deverá prestar depoimento à Brigada Financeira de Paris nos próximos dias.
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