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13/01/2011 - 13h51

Líbano com governo do Hizbollah é possibilidade real, dizem analistas

TARIQ SALEH
DA BBC BRASIL, EM BEIRUTE (LÍBANO)

A oposição libanesa, liderada pelo grupo xiita Hizbollah, tem uma possibilidade real de organizar um novo governo no Líbano caso não haja um acordo entre as facções políticas rivais, disseram analistas ouvidos pela BBC Brasil.

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Segundo eles, se o atual premiê, Saad Hariri, não conseguir manter uma maioria de parlamentares, poderá ver o Hizbollah e seus aliados mobilizando suas forças para formar um novo bloco majoritário no Parlamento.

De acordo com Paul Salem, diretor do Centro Carnegie para o Oriente Médio em Beirute, a questão estará centrada no líder druso Walid Jumblat, que já fez parte da coalizão governista liderada por Hariri, mas que desde 2009 vem se alinhando mais próximo à oposição.

"Se Jumblat e seus parlamentares decidirem se juntar à oposição, o Hizbollah e seus aliados passarão a ter uma maioria no Legislativo do país e poderão indicar um novo premiê para formar um gabinete", disse Salem.

INVESTIGAÇÃO

O governo de unidade nacional do Líbano entrou em colapso na quarta-feira depois que os 11 ministros --a maioria deles do grupo político e militar Hizbollah e seus aliados-- anunciaram que estavam deixando o gabinete de 30 ministros liderado por Hariri.

A decisão de renunciar foi tomada após informações de que Saad Hariri recusou um pedido para que o gabinete fosse reunido com o objetivo de discutir a investigação do Tribunal Especial das Nações Unidas (ONU) sobre o assassinato de seu pai, o ex-premiê Rafik Hariri, em 2005.

Para outro analista, Sami Salhab, professor de Direito da Universidade Libanesa, o presidente Michel Suleiman terá que agir com habilidade para resolver a crise, achando um ponto comum aos diferentes grupos políticos por causa das desavenças em torno do tribunal da ONU.

"Nós veremos agora um remanejo no cenário político libanês, novas alianças e jogadas políticas. E a oposição tem, certamente, aliados sunitas e poderia indicar para o posto de premiê".

GOVERNISTAS

O Líbano vive uma crise política que se arrasta há vários meses em torno do tribunal da ONU e o possível indiciamento de membros do Hizbollah, acusando-os de envolvimento na morte de Hariri. A corte ainda não divulgou oficialmente a data para apresentar seus resultados, mas especula-se que estes devem sair nos próximos dias.

O grupo xiita nega participação no atentado à bomba que matou o ex-premiê e qualificou o tribunal de ser "politizado" e de servir aos interesses de Estados Unidos e Israel.

Nos últimos meses, Síria e Arábia Saudita tentaram buscar uma saída para o impasse, mas os dois países anunciaram na terça-feira que seus esforços haviam falhado.

Para Salhab, o bloco governista de Hariri terá que reavaliar suas estratégias se não quiser perder seu poder.

"Eles sabem que um governo liderado pelo Hizbollah irá colocar o Líbano em uma situação complicada junto aos países ocidentais. E sem contar que isso aumentaria a tensão com Israel".

Em tese, dizem os analistas, o presidente deverá indicar um governo provisório até a formação de um novo gabinete. No entanto, eles alertam que é possível que os dois blocos não consigam mobilizar os votos necessários para que indicar um novo líder de governo.

"Aí teríamos um cenário em que o governo provisório poderia durar até 2013, quando haverá novas eleições parlamentares", disse Paul Salem.

VIOLÊNCIA

Segundo Sami Salhab, as negociações podem levar meses, mas a oposição fará uma mobilização popular para atingir seus objetivos e pressionar os governistas.

"A oposição deve, em breve, organizar grandes protestos, usando pretextos econômicos e sociais semelhantes aos protestos entre 2006 e 2007, quando as instituições ficaram paralisadas", falou ele.

Nas ruas, a população libanesa teme que a crise possa levar aos confrontos armados semelhantes aos de 2008, quando facções governistas e militantes do Hizbollah e seus aliados se enfrentaram em Beirute, quase levando o país a uma guerra civil.

Apesar do medo geral, os dois analistas alertam que violência e confrontos armados nas ruas entre militantes das facções políticas rivais não deve ocorrer num futuro próximo.

"Os dois lados querem evitar confrontos porque levariam o país a um estado mais crítico e que poderia fugir ao controle. Mas se não sair uma solução política para a crise, um cenário de violência pode acontecer mais adiante", disse Salem.

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