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30/01/2011 - 16h12

ElBaradei pede saída imediata de Mubarak e fala em 'novo início'

DA BBC BRASIL

Em discurso feito na praça Tahrir, localizada no centro do Cairo, o líder da oposição e prêmio Nobel da Paz Mohammed ElBaradei pediu neste domingo que o presidente do Egito, Hosni Mubarak, deixe o poder imediatamente.

ElBaradei foi ao local participar do sexto dia de manifestações contrárias ao governo egípcio. Portando um megafone, ele se dirigiu à multidão afirmando que "o que foi obtido (com os protestos) não pode ser revertido".

O líder opositor disse esperar que a saída do atual presidente represente um "novo início" para o Egito.

O clima de tensão no Egito aumentou neste domingo, tanto no Cairo quanto em outras cidades, como Alexandria. Jatos da Força Aérea sobrevoaram a praça Tahrir, principal ponto de concentração dos manifestantes. Tanques também foram enviados ao local.

Os choques entre manifestantes e forças de segurança já teriam deixado cerca de cem mortos desde o início dos protestos na terça-feira. Cerca de 2 mil pessoas ficaram feridas nos choques ocorridos no Cairo, Suez e Alexandria.

De acordo com o correspondente da BBC na praça Tahrir (que significa "Libertação") Jeremy Bowen, existe uma sensação de desafio entre os manifestantes, que acusaram os militares de tentar intimidá-los.

Ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ElBaradei é visto como um postulante natural à sucessão de Mubarak, principal alvo das manifestações que ocorrem no Egito e que está no poder há 31 anos.

Neste domingo, porta-vozes da Irmandade Islâmica, maior movimento de oposição egípcio, formado por fundamentalistas muçulmanos, indicaram que o grupo deverá apoiar ElBaradei como líder de um eventual governo de transição.

Também neste domingo, vários movimentos políticos do país divulgaram uma declaração conjunta pedindo que ElBaradei forme um governo de coalizão depois da possível saída de Mubarak do poder.

Em Alexandria, milhares de manifestantes fizeram uma passeata perto de uma mesquita, durante o funeral de dois manifestantes que foram mortos em confrontos com a polícia no sábado.

Segundo o correspondente da BBC em Alexandria John Simpson, há uma forte presença militar na cidade costeira e também muita tensão.

O domingo é o início da semana de trabalho no Egito, mas a capital não parece estar em um dia normal, com menos pessoas nas ruas e muitas lojas, bancos e empresas fechadas.

Grupos de vigilantes foram formados nos bairros, já que a polícia não é mais vista nas ruas. Os vigilantes se armaram com bastões e algumas armas, além de montar barricadas durante a noite para se proteger de saqueadores.

Apesar dos grupos de vigilantes voluntários, ocorreram saques em várias partes da cidade, incluindo o Museu Nacional.

REUNIÃO

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, se reuniu neste domingo com seus comandantes militares.

Segundo o canal de televisão estatal do Egito, Mubarak e os militares revisaram as operações de segurança para conter os protestos, que são os piores das últimas décadas no país.

Existe uma forte presença militar na capital, mas, até o momento, os manifestantes e os militares ainda não entraram em confronto e a atmosfera parece ser amigável, segundo Jeremy Bowen.

Mubarak empossou o chefe de Inteligencia egípcio, Omar Suleiman, como vice-presidente - cargo que nunca havia sido ocupado nos 31 anos de seu governo.
Já o novo primeiro-ministro será Ahmed Shafiq, que antes ocupava o Ministério da Aviação. Ele ficará responsável por formar o novo gabinete.

As transmissões da TV árabe Al-Jazeera realizadas através de um satélite egípcio foram suspensas.

Mais cedo, as autoridades do país tinham ordenado que a TV árabe encerrasse suas operações no Egito e suspendeu o credenciamento de jornalistas e funcionários do canal.

O canal de televisão árabe tem feito uma cobertura detalhada dos protestos.

O governo chegou a bloquear os serviços de telefonia celular e internet. Mas, no sábado, a telefonia celular foi parcialmente retomada e, neste domingo, a internet ainda está instável.

ESTADOS UNIDOS

Os Estados Unidos pediram novamente que o Egito realize uma transferência de poder pacífica. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse em Washington neste domingo que quer ver uma transição para um governo democrático.

"Queremos ver moderação, não queremos ver violência de nenhuma das forças de segurança", disse Clinton ao canal de televisão americano ABC News.
Mais cedo, autoridades americanas começaram a organizar uma operação com aeronaves para a retirada de cidadãos americanos do país.

A Turquia também vai enviar aviões ao Egito para a retirada de seus cidadãos.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que Israel está acompanhando atentamente os eventos no Egito e que espera manter relações pacíficas com o vizinho árabe.

De acordo com autoridades palestinas, a passagem de Rafah, entre o Egito e o sul da Faixa de Gaza está fechada.
Estados Unidos, Grã-Bretanha e vários países europeus divulgaram alertas para que seus cidadãos cancelem viagens que não sejam essenciais para o Egito, principalmente as cidades do Cairo, Alexandria, Luxor e Suez.

O turismo, uma das principais atividades econômicas do Egito, já foi afetado pelos protestos realizados no país. Militares fecharam o acesso às pirâmides de Gizé, um dos principais destinos turísticos egípcios.

No aeroporto do Cairo, muitos voos estão atrasados ou foram cancelados devido ao toque de recolher.

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