Incerteza na política em 2018 influenciará crescimento da economia no Brasil

A política vai temperar o crescimento da economia no ano que vem. Prevê-se que o PIB cresça ainda medíocres 2,5% em 2018, mais ou menos a depender da candidatura presidencial que tenha mais chance de vitória lá por julho. O que significa crescer 2,5% em 2018, tendo o país crescido 1% neste 2017? Quer dizer que mal teremos recuperado a perda de 3,5% de 2016 e, menos ainda, a de outros 3,5% da recessão de 2015. Isto é, o nível da produção ou da renda do país será parecido com o de 2012: ainda estaremos mais pobres.

Como a política pode ser problema? Para que o crescimento acelere, é preciso que aumente o investimento em máquinas e instalações produtivas. Mas a perspectiva de que juros e dólar subam, por causa da política, indica que o crescimento pode ser menor mais adiante. Essa perspectiva contém o ânimo de empresas.

Para investidores, empresários e credores do governo, certas candidaturas não são comprometidas com um programa de contenção da enorme dívida pública e de reformas que aumentem a eficiência econômica. Em caso de vitória de uma candidatura assim, os credores cobrariam mais para emprestar (juros sobem), algum dinheiro sairia do país (dólar fica mais caro) e empresários ficariam na retranca.

A minúscula recuperação da economia tem dependido de aumento do total de salários e da população com trabalho, embora salários médios e empregos novos sejam ruins. O poder de compra dos salários cresceu neste ano em boa parte porque a inflação caiu muito. Em 2018, não deve ser assim.

Além do mais, a reforma trabalhista a princípio deve limitar altas de salários. Mais crédito para as famílias e juros menores devem ajudar, mas não muito. Falta investimento.

Além da incerteza política, o investimento anda baixo porque: 1) Firmas estão endividadas; 2) Sobra capacidade de produção nas empresas; 3) Imóveis encalham; 4) O investimento do governo, na pindaíba, é mínimo.

Alguns desses problemas estão ficando menores, mas a situação ainda é tétrica.

O desemprego diminuirá? Pouco, da casa dos 12% neste ano para a casa dos 11%. O cenário mundial ora é favorável: maior crescimento em seis anos, juros baixos. Mas crises financeiras são inesperadas. Com tumulto lá fora, o crescimento aqui iria para o vinagre.

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