São Paulo inicia 2018 sem saber por quanto tempo Doria será prefeito

Quem comandará a maior cidade do país em 2018? Nem o próprio prefeito, João Doria (PSDB), sabe responder. Se ele for candidato a qualquer coisa, como ao governo do Estado, terá de deixar o cargo até o início de abril, como obriga a lei. Aí Bruno Covas, também tucano e seu vice, pegaria esse abacaxi de 12 milhões de habitantes.

São Paulo é um gigante e com problemas em tamanhos proporcionais. Será assim em 2018 para Doria ou Bruno. São 1.521 km², 130 mil servidores, 8 milhões de carros, 6.387 semáforos, 14 mil ônibus coletivos, 38 mil taxistas e talvez o triplo disso de motoristas de aplicativos, além de dezenas de milhares de moradores na fila à espera de exames, cirurgias e vagas em creches para seus filhos.

Hoje, para fazer algo pela cidade, é preciso criatividade e dinheiro. Apesar de um orçamento quase "estadual", na casa dos R$ 55 bilhões, menos de 10% disso são destinados a investimentos –o restante é gasto com pessoal, dívidas e demais encargos.

O sinal positivo é que, em 2018, o orçamento permitirá um respiro. Se em 2017 o caixa para investimentos ficou no volume morto dos cofres, com apenas R$ 1,5 bilhão, no próximo ano já se imagina algo em torno de R$ 5 bilhões. É nisso que a gestão atual aposta para sair do atoleiro, após um período curtíssimo de lua de mel com os moradores da cidade.

Eleito no primeiro turno em 2016, Doria iniciou sua gestão com apenas 13% de reprovação, índice que disparou ao final do ano e atingiu a marca de 39%, a mesma de Fernando Haddad, seu antecessor, ao final de 2013, o primeiro ano de mandato do petista.

Digamos que siga no cargo, Doria apostará suas fichas no avanço de programas de zeladoria, com ações já nas ruas para tapar buracos, recapear vias e manter os semáforos sempre ligados. Ao mesmo tempo, terá de driblar uma série de obstáculos que tem enfrentado tanto na Câmara como no Tribunal de Contas do Município para ver avançar seus projetos prioritários, em especial o amplo programa de privatizações.

Bandeira de sua campanha, a venda e a concessão de equipamentos públicos avançam em ritmo aquém do esperado e 2018 será o teste de fogo para manter sua base de apoio entre vereadores e encontrar empresas privadas interessadas em parque, cemitério, estádio e autódromo.

O cenário paulistano é conhecido. O imponderável é o que estará sentado na cadeira do gabinete do quinto andar do edifício Matarazzo: quem e com qual disposição para enfrentar esse furacão por mais mil e tantos dias até o final de 2020.

Publicidade
Publicidade