Escândalos de corrupção transformam o Rio de Janeiro em um Estado em ruínas

Ricardo Borges/Folhapress
Rio de Janeiro, Rj, BRASIL. 10/08/2017; Munique Gomes (32), mae de PM morto no Rio. Cresceu este ano o número de policiais militares mortos no estado. ( Foto: Ricardo Borges/Folhapress)
Munique Gomes (32), mãe de PM morto no Rio de Janeiro

Copacabana, domingo, 10 de dezembro, 21h10. Um estampido ecoa pelas janelas dos apartamentos de classe média. Mais três tiros são ouvidos em seguida. Segundos depois, uma rajada de fuzil rompe o curto silêncio.

A sequência de tiros é mais um capítulo dos intermináveis confrontos no morro do Cantagalo, que foi "ocupado" pela polícia em 2009 com a UPP e virou point de turistas estrangeiros durante o "milagre pacificador" promovido pelo agora presidiário Sérgio Cabral (PMDB) durante a preparação para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.

No início do dia, moradores registraram num aplicativo, que rastreia confrontos em tempo real, um tiroteio na favela do Arará, em Benfica, comunidade famosa por ser vizinha da cadeia pública José Frederico Marques. Lá, Cabral e a cúpula do poder político fluminense na última década estão presos. Ex-governadores, Anthony e Rosinha Garotinho, também já passaram por lá.

Cabral, seus ex-secretários e deputados aliados passam os finais de semana ouvindo os funks proibidões da favela vizinha e os tiroteios, que não são raros.

O cotidiano da violência é apenas uma dos lados da quase falência do Rio. A ruína está em quase todos os setores –saúde, educação, transporte, indústria do petróleo.

Ex-secretário de Obras de Cabral, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) parece tentar permanecer no poder para manter o seu foro privilegiado. Enquanto isso, os funcionários públicos e pensionistas chegaram em dezembro sem receber o 13º salário de 2016. A população de rua só cresce, e a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) agoniza.

Na prefeitura, o bispo Marcelo Crivella (PRB) vive lastimando a herança de seu antecessor, Eduardo Paes, aliado de Cabral. Segundo ele, a Olimpíada não deixou um "elefante branco", mas uma manada.

Nesta ressaca pós-olímpica, nenhum fluminense consegue prever o futuro. Apenas que 2018 deverá ser pelo menos tão duro como esse ano. Mas quem sabe apareça uma nova leva de políticos na eleição de outubro.

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126 policiais

militares foram mortos no Rio de Janeiro até o dia 12 de dezembro; 26 estavam em serviço quando foram assassinados

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