Flip 2017 abriu palco para debate sobre racismo com fala marcante de dona Diva

Acontecimento mais badalado do meio no país, a Festa Literária Internacional de Paraty se apresentou, em 2017, com nova roupagem. A primeira edição sob curadoria da jornalista Joselia Aguiar homenageou Lima Barreto (1881-1922). O nome do autor negro, alcoólatra e interno de manicômios imantou o evento de temas candentes.

Com o racismo em pauta, quem brilhou, tanto ou mais que Lázaro Ramos ou Conceição Evaristo, foi Diva Guimarães, 77.

Dona Diva, como se tornou conhecida, tomou o microfone ao fim de uma mesa para recordar sua experiência como mulher negra, emocionando-se e à audiência. O vídeo de sua fala improvisada viralizou.

Cabe a Joselia Aguiar, reconduzida à curadoria da festa, o desafio de manter, em 2018, o nível de correção política e a temperatura tão benquistos nas redes sociais, onde o debate reverbera, sem deixar de lado o espaço para questões específicas do âmbito literário. A homenageada permite o salto: será Hilda Hilst, terceira mulher celebrada pela festa em 16 edições.

O ano trouxe ainda duas grandes novidades para o mercado literário. A tempo de pôr na Flip um autor premiado, o americano Paul Beatty, autor de "O Vendido", vencedor do Booker em 2016, a Todavia lançou seus primeiros títulos.

Fundada por egressos da Companhia das Letras com o apoio de investidores do mercado financeiro, a casa vem consolidando um catálogo forte, que deve ganhar um novo livro por semana em 2018.

Já a revista "Quatro Cinco Um" se propõe a olhar os lançamentos literários de forma aprofundada. Após seis números encartada na "Piauí", a publicação lançada em maio passou a andar sozinha.

Como uma "London Review of Books" mais modesta (mas não menos bonita), a "Quatro Cinco Um" procura trazer, além de resenhas, ensaios sobre temas atuais.

Seu desafio, em 2018, será não só criar um público que lhe permita se manter independente mas dar conta de escapar da resenha ligeira sem cair no academicismo.

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