Em ano de eleição indefinida, jornalismo será lente que distingue notícia e 'fake news'

Silver Screen Collection/Getty Images
Jack Webb (1920-1982), US actor, wearing pointing with one hand while holding a telephone receiver in the other in a publicity still issued for the US television series, 'Dragnet 1967', USA, 1967. The poice drama starred Webb as 'Sergeant Joe Friday'. (Photo by Silver Screen Collection/Getty Images)****EXCLUSIVO PARA ESPECIAL REVISTA- NÃO UTILIZAR**** ORG XMIT: 112051842,142275863 DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM
Jack Webb, o detetive Joe Friday, na série 'Dragnet', dos anos 1950

A esta altura dos acontecimentos, depois de Trump, "brexit" e Doria, para citar três eventos surpreendentes, o jornalismo já deveria estar vacinado contra fazer previsões. No entanto, é o que esta revista propõe —antecipar, ou, pelo menos, desenhar cenários para 2018.

Num país como o Brasil, que precisa de lanterna na popa, como na frase do economista Roberto Campos (1917-2001), vislumbrar a proa é um desafio maior.

Quem vencerá as eleições presidenciais do ano que vem? Mais: quem irá ao segundo turno? Pior: quem concorrerá no pleito?

Segundo o cenário mais recente do instituto Datafolha, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro lideram o certame e se enfrentariam na segunda rodada se a eleição fosse hoje. Mas ela não é. Acontece em outubro, depois de uma das campanhas mais curtas da história recente, com 35 dias de propaganda na TV e uma série de restrições inéditas.

Além disso, Lula pode estar impedido juridicamente. Como o candidato do centro (Alckmin?) só deve prevalecer sobre seus concorrentes de mesmo espectro ideológico depois de iniciada a campanha televisiva, não é improvável que cheguemos ao meio do ano ainda com a dupla atual à frente. Dólar em alta, bolsa em queda, análises catastrofistas?

Algumas certezas, segundo os artigos que você lerá a seguir ou nos próximos meses na Folha:

> a PF fará nova fase de uma operação, que terá um nome irônico;
> a economia continuará sua recuperação tímida, talvez num ritmo mais forte;
> a reforma da Previdência seguirá assunto divisivo, aprovada ou não;
> Trump escreverá algo nas redes sociais que fará Lincoln se virar de novo na cova;
> a luta contra o câncer avançará, principalmente com imunoterapia e nanotecnologia;
> o Brasil chegará à Copa da Rússia como um dos favoritos;
> uma personalidade do mundo das artes, política ou negócios será acusada de assédio sexual e se desculpará;
> ficaremos viciados em uma série de TV, inédita ou em nova temporada;
> a esquerda acusará a direita —e vice-versa— em torno de um evento cultural;
> a privacidade digital diminuirá mais um pouco;
> "fake news" serão divulgadas como notícias verdadeiras.

Sobre o último item, há uma certeza: o jornalismo profissional continuará sendo a lente a tornar nítida a distinção entre notícia e falsidade. Como diria o detetive da série americana "Dragnet", dos anos 1950, "Just the facts, madam". E apenas os fatos, senhora, proverão assunto para o ano inteiro.

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