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Análise: pouso lunar foi grande golpe de propaganda para países capitalistas
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RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO
Neil Armstrong era um herói discreto. Certamente foi heroico embarcar em uma viagem até a Lua em 1969, na ponta de um foguete de mais de cem metros de altura e mais de cem toneladas repleto de combustível altamente explosivo. Poderia ter virado um milionário depois de se tornar "o primeiro homem na Lua". Preferiu virar professor universitário.
Foi uma escolha perfeita da agência espacial americana Nasa. Já era um herói de guerra, um aviador naval que tinha voado missões de combate na Guerra da Coreia (1950-1953). Virou um piloto de teste de primeira classe, incluindo voos no avião-foguete X-15, o mais rápido de todos os tempos.
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E era bom com frases. Curiosamente, a transmissão pela precária televisão preto e branco da época cortou o "um" antes de "homem", criando uma dessas polêmicas bobas, se ele de fato teria dito a palavra ou não. O caso lembra as tradicionais teorias conspiratórias que afirmam que o pouso na Lua foi uma invenção dos americanos --assim como o 11 de Setembro e o vírus da Aids. Quem manda ser a potência hegemônica do planeta?
O fato é que o pouso lunar foi um grande golpe de propaganda para o autodenominado "mundo livre", os países capitalistas liderados pelos EUA envolvidos em uma Guerra Fria com o mundo comunista, a hoje extinta União Soviética, seus satélites da Europa oriental, a China e países menores como Cuba, Coreia do Norte e Vietnã do Norte. Com o Vietnã, por sinal, os EUA travavam uma guerra "quente" e altamente polêmica, que o voo lunar ajudou a esquecer um pouco.
Os soviéticos tinham vencido duas das primeiras etapas da corrida espacial --colocar o primeiro satélite em órbita (Sputnik-1, em 1957) e o primeiro homem em órbita da Terra (Iuri Gagárin, 1961). Mas colocar os primeiros homens na Lua deixou isso na sombra.
O projeto das naves Apollo foi um clássico na história da ciência e tecnologia. O foguete Saturno V deveu muito a um engenheiro alemão, Wernher von Braun, que tinha criado o míssil V-2 para bombardear Londres na Segunda Guerra. Prova do pragmatismo americano e também soviético: os dois lados recrutaram ex-nazistas para seus programas espaciais e militares.
A ciência, apesar de ser a suposta causa da corrida espacial, não se saiu tão bem. Dos doze astronautas americanos que caminharam na Lua, apenas um era cientista (um geólogo). Rochas lunares forem trazidas, a distância do satélite com a Terra foi detalhada, mas nada disso respondeu, por exemplo, a uma pergunta: como surgiu a Lua?
Mas ver Armstrong pisar no satélite natural da Terra foi um momento mágico, que todos nós que vimos nunca esqueceremos.
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