Análise: Acordo com Ucrânia para lançar foguetes nunca foi competitivo
Mais um plano mirabolante para o programa espacial brasileiro vai por água abaixo.
Em 2003, quando o acordo foi assinado, especialistas já o consideravam má ideia.
Um problema era o uso de combustível tóxico, ameaçando contaminação em caso de acidente. Já se esperavam também falta de competitividade no mercado comercial e a necessidade de investimentos grandes para converter o antigo míssil balístico soviético, confiável mas ultrapassado, num lançador moderno.
Nada disso impediu o acordo, mas agora serve como motivo para deixar tudo para lá.
São centenas de milhões a menos no combalido caixa da União, em troca de oba-oba e uma plataforma de lançamento inconclusa, prestes a virar ferro-velho no Maranhão.
Com essa verba, o país poderia ter concluído o VLS (Veículo Lançador de Satélites), projeto que já se arrasta por quase quatro décadas com a missão de dar ao Brasil acesso independente ao espaço.
Agora, ele volta a ser a única tábua de salvação do programa espacial brasileiro –embora ainda siga perto da estaca zero, com três tentativas de lançamento fracassadas.
Relegado a um segundo plano desde o acidente que matou 21 pessoas em 2003, ele ganhou renovada importância nos últimos anos.
O IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço) trabalha numa versão mais moderna do VLS, chamada de VLM (Veículo Lançador de Microssatélites), que colocaria em órbita dispositivos espaciais de pequeno porte. Mas o investimento é pequeno.
É um caminho para iniciar a exploração comercial do Centro de Lançamento de Alcântara –o melhor do mundo em localização. Mas é só um modesto começo.
Se quiser de fato ganhar bilhões com Alcântara, em vez de perdê-los, o Brasil precisará de um acordo de salvaguardas tecnológicas com os EUA, até o momento rechaçado. Sem isso, é impossível lançar do Brasil qualquer produto espacial que tenha componentes americanos –uma fatia bem grande do mercado.
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