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21/01/2011 - 10h12

Ministro da Ciência, Mercadante quer priorizar projetos de grande porte

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SABINE RIGHETTI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Após ser derrotado nas eleições para governo de São Paulo, o petista Aloizio Mercadante assumiu o cargo de ministro de Ciência e Tecnologia falando em tirar do papel projetos científicos ambiciosos (e caros).

Entre os projetos, um novo reator nuclear, um anel de síncrotron mais moderno e um observatório do ecossistema marinho ("Amazônia Azul") em tempo real.

Haverá dinheiro para isso? Em entrevista à Folha, Mercadante disse que sim, já que os recursos devem vir também das empresas. E instituições como a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), de apoio à pesquisa, podem virar bancos de inovação.

Marcelo Camargo-18.jan.2011/Folhapress
Ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante quer investimento em novo reator nuclear e anel de síncrotron
Ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante quer investimento em novo reator nuclear e anel de síncrotron

Para ele, um novo foco empresarial poderia dar à ciência nacional um novo impulso. "Viemos de uma cultura industrial que não estimulou a inovação", diz.

Folha - O senhor tem falado em tirar do papel projetos caros. Parece que sua gestão vai fazer investimentos de grande porte.
Aloizio Mercadante - Quando a gente olha o Brasil hoje, vemos que não podemos pensar pequeno. Temos tecnologia de ponta, por exemplo na agricultura. Veja a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). A agricultura brasileira teve um superavit de mais de US$ 70 bilhões. A Embrapa hoje está exportando tecnologia para a África.

A Aeronáutica, no complexo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), CTA (Centro Técnico Aeroespacial) e Embraer, é outro modelo exitoso. Onde o Brasil concentrou esforços, houve retorno. Estamos com um projeto para construir um novo anel de luz síncrotron em Campinas (SP), de terceira geração. O atual, de 1988, é usado por cerca de 3.000 pessoas por ano, de várias áreas.

Nós precisamos de parceiros para poder viabilizar esse projeto, que deve custar em torno de R$ 350 milhões. Também tive reuniões sobre o laboratório de nanotecnologia da Unicamp e sobre o reator multipropósito [destinado à pesquisa científica e à fabricação de radiofármacos], que deve ser construído em Iperó (SP) [ao custo de cerca de R$ 800 milhões].

Nós temos de concentrar forças nas novas fronteiras do conhecimentos pensando em projetos como a nanotecnologia e a biotecnologia. Somos o 13º colocado hoje nos rankings internacionais de produção científica, nosso impacto está aumentando. Mas, na inovação, ainda temos um desafio.

Qual é o desafio da inovação?
Temos de repensar o marco legal e os incentivos à inovação. Viemos de uma cultura industrial que não estimulou a inovação. Tivemos um longo período em que não havia importações, então também não havia inovação. Agora, com estabilidade econômica, o Brasil voltou a crescer, e é hora de criar instrumentos para que as empresas realmente olhem para pesquisa e desenvolvimento, principalmente na área de sustentabilidade.

Investir no pré-sal não é contraditório com a bandeira "verde" da gestão?
O petróleo é uma energia não renovável, mas ainda é um produto que se desdobra em 3.000 produtos: toda cadeia de nafta, plástico etc. A economia é muito dependente do petróleo. Temos de utilizar isso inteligentemente. Mas temos também de investir em energias renováveis, como eólica e solar. Falando em sustentabilidade, estamos agora começando a analisar o CBA (Centro de Biotecnologia da Amazônia).

O CBA tem uma estrutura enorme, mas está parado.
O centro tem uma excelente estrutura laboratorial, mas agora estamos estudando parcerias com empresas da área de fármacos e alimentos. Minha primeira orientação é buscar gerar valor agregado para produtos que já temos na Amazônia, como açaí e castanha-do-pará. Temos de gerar alternativas sustentáveis para 25 milhões de pessoas que moram lá. A pesquisa científica é importante para diversificar essas cadeias produtivas.

Mas há empresários que ainda patinam para fazer inovação no Brasil.
Tanto a pesquisa quanto a inovação são atividades de risco. Muitas vezes você pesquisa um assunto e não descobre o que esperava. Mas, ao não descobrir, você reduz a necessidade de uma próxima pesquisa. O fato de não se chegar àquilo que se espera pode não ser negativo. Na inovação é a mesma coisa. Uma coisa que começo a discutir são as formas de financiamento à inovação.

Por exemplo?
Uma ideia é que os bancos financiadores sejam sócios no produto final da inovação. Ou seja: eles compartilham o risco, mas, se der certo, também ganham. Esse é o modelo dos EUA. Precisamos avaliar como fazer isso.

Como não temos ainda esse mercado industrial desenvolvido, os bancos públicos devem ajudar. Faremos um grande esforço para que a Finep seja uma instituição financeira de fomento à inovação. Deve continuar apoiando a pesquisa, mas será também um banco da inovação.

Se isso acontecer, haverá muito mais liberdade de atuar. É preciso fazer formas de parcerias com as empresas. O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), por exemplo, está dando bolsas para que pesquisadores atuem nas empresas. É preciso fomentar a inovação.

Leia a íntegra da entrevista na edição da Folha desta sexta-feira, 21 de janeiro.

 

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