Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Palavras da professora Cecília Meireles soam mais atuais do que nunca

Crédito: Acervo UH/Folhapress A escritora Cecilia Meireles
A escritora Cecilia Meireles

RIO DE JANEIRO - Na época de ouro da crônica brasileira, entre as décadas de 1950 e 1960, as mulheres sempre mandaram bem. Apesar da maior predominância masculina em jornais e revistas, nunca deixaram que a arte de conversar com o leitor, com leveza de tema e estilo, se transformasse num clube do Bolinha.

As luluzinhas competiam de igual para igual e não raro levavam a melhor. Com Rachel de Queiroz, foram mais de 70 anos de janela em "O Ceará", "Última Hora", "O Estado de S. Paulo", "O Cruzeiro" (nesta, ocupava o espaço nobre da última página). Hoje esquecida, Elsie Lessa em nada ficava a dever a Rubem Braga ou Paulo Mendes Campos: escreveu em "O Globo" (no início todo dia, depois semanal e quinzenalmente) de 1952 até sua morte em 2000. Ao iniciar em 1967 sua colaboração com o "Jornal do Brasil", Clarice Lispector aproveitou para fazer quase um diário íntimo, falando dos filhos, da casa, dos amigos, dos bichos, dos lugares por onde andou e andava, e respondendo (às vezes de forma desaforada) aos leitores que lhe mandavam cartas.

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Cecília Meireles
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Depois de anos fora de catálogo por conta de uma disputa entre herdeiros, os livros de Cecília Meireles estão sendo reeditados pela Global. A poeta do "Romanceiro da Inconfidência" também legou extensa obra em prosa. Em três volumes, as "Crônicas de Viagem" são um exemplo de sua sensibilidade e inteligência e atestam sua permanência na galeria das grandes cronistas.

Acaba de sair outra caixa, impressionante. As "Crônicas de Educação" compreendem cinco tomos (1.146 páginas!) e valem por qualquer reforma educacional.

No Brasil marcado pelo aviltamento das condições de ensino e pesquisa, as palavras da professora Cecília no passado só faltam gritar no presente: "Não era o ministro que estava ali. Ali estava uma pessoa atrapalhada com a sua situação de ministro".

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