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andré barcinski
Happy hour centenária no Rio
Leitores da coluna já se acostumaram a ver aqui lamentações sobre restaurantes antigos que se "modernizaram" e perderam seu charme.
Que tal, para variar, louvar algo que não muda há 106 anos?
Falo da Casa Paladino, instituição carioca que resiste bravamente desde 1906, na esquina das ruas Marechal Floriano e Uruguaiana.
É um misto de mercearia e boteco. Vende vinhos, azeites, sardinhas em lata, tudo exposto em lindas estantes de madeira.
Mas o que leva fregueses à Paladino, além do chope gelado, são os sanduíches e os deliciosos omeletes.
A oferta é enorme: presunto, provolone, copa, salaminho, sardinha, camarão etc.
Um dos sanduíches mais famosos é o Triplo, com presunto, provolone e ovo, uma verdadeira jóia da gastronomia popular.
Entrar na Casa Paladino é um alívio da modernidade, do barulho, das TVs de plasma e da comida péssima que hoje é vendida como "despretensiosa". Quem disse que a simplicidade é fácil?
Não tem preço ver garçons de toalha no ombro - onde mais? - chamando clientes pelo nome e servindo chope e porções de salaminho.
Nada é mais bonito que a tabela de preços, escrita à mão, assim como os avisos espalhados pelo lugar: "Não aceitamos cartão", "A Paladino não tem filiais" etc.
Essa simplicidade vai na contramão do irritante desprezo pela tradição que vem destruindo restaurantes e botecos antigos, adaptando-os ao gosto de um público que não mais os aprecia.
A Casa Paladino precisa ficar como está.
Em uma sexta recente, fiz o que se tornou hábito desde que estudei no centro do Rio: tracei um sanduíche Triplo na Casa Paladino e rebati com uma porção de sardinhas empanadas no Rei dos Frangos Marítimos, encravado há meio século no Beco das Sardinhas, ali pertinho. Está aí um programa que justifica o nome em inglês: "Happy hour".
CASA PALADINO r. Uruguaiana, 224/226, tel. 0/xx/ 21/2263-2094
O REI DOS FRANGOS MARÍTIMOS r. Miguel Couto, 139 A, tel. 0/xx/21/2233-6119
André Barcinski é crítico da "Ilustrada" e diretor e produtor do programa "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", no Canal Brasil. Escreve às quartas, a cada duas semanas, na versão impressa do caderno "Comida".
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