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andré barcinski

 

10/10/2012 - 03h37

Entre tapas e beijos

O taxista em Madri só tinha dois assuntos: a crise econômica na Espanha e os três gols que Cristiano Ronaldo marcara na véspera, na goleada do Real Madrid contra o Ajax, da Holanda.

Quando perguntamos onde ele recomendaria para comer tapas, não titubeou: "Cava Baja".

Cava Baja é uma rua no bairro de La Latina, onde bares e restaurantes atraem locais e turistas. Claro que não é o único local para "tapear" (esse delicioso hábito madrilenho de saltar de boteco em boteco, provando os petiscos de cada lugar), mas é o mais conhecido.

A ideia era começar a noite em Cava Baja e seguir para outras ruas. Mas a realidade se impôs: nos esbaldamos de tal forma nos botecos da rua, que terminamos a noite empanturrados e cambaleantes de vinho, sangria e cava -um delicioso espumante da região da Catalunha. Voltar ao hotel não foi fácil.

O bar de tapas mais comentado da Cava Baja é a Casa Lucas (Cava Baja, 30). Suas famosas tapas "Madrid" (ovos mexidos, morcilla e tomate doce) valem a viagem. A porção de almôndegas caseiras com purê de batata e alho, também.

Mas nossa experiência mais delirante foi no La Concha (Cava Baja, 7), onde sentamos no balcão e fomos tratados a um carpaccio de camarão branco com azeite e ervas que não era desse mundo. Lugar totalmente "old school", onde o mesmo atendente saía do balcão para preparar as iguarias na cozinha.

No bonito La Chata (Cava Baja, 24), um botecão antigo, com fotos de toureiros, comemos deliciosas "tostas" (torradas) de patê de foie e geleia de amora e a combinação de queijo brie com cogumelos.

No simpático La Perejila (Cava Baja, 25), a pedida foi "jamon" ibérico com tomate e uma sensacional porção de queijos da Galícia, devorados com pão rústico e azeite.

É muito bonito ver os madrilenhos prestigiando pequenos botecos de quatro mesas, mantendo viva a tradição de "tapear". Mesmo em tempos de crise - ou, talvez por causa dela - comer bem é uma necessidade. Que cidade, Madri!

andré barcinski

André Barcinski é crítico da "Ilustrada" e diretor e produtor do programa "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", no Canal Brasil. Escreve às quartas, a cada duas semanas, na versão impressa do caderno "Comida".

 

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