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andré conti

 

06/08/2012 - 03h30

Fechar o PC inibirá a curiosidade e a criatividade dos gamers

Em 1999, os amigos Minh Le e Jess Cliff resolveram mexer com o kit de desenvolvimento do jogo "Half Life". A Valve, produtora do título, disponibilizava gratuitamente diversas ferramentas que havia usado para criar seu clássico de ficção científica.

Tempos depois, Le e Cliff lançaram "Counter Strike", uma variação de "Half Life" que trocava os invasores alienígenas do original por soldados e terroristas.

Alpino

"Counter Strike" revolucionou a jogatina on-line. Milhares de LAN houses pipocaram no mundo todo para dar conta da febre. Em São Paulo, por exemplo, reinou a Monkey, que chegou a ter mais de 60 lojas na cidade.

A Valve, que incentivou o projeto desde o início, acabou contratando os dois amigos e lançando "CS" como um jogo comercial. Quase 30 milhões de cópias foram vendidas, e até hoje há uma população razoável nos servidores.

O apoio da Valve a fãs que modificam os jogos da casa é conhecido. Recentemente, eles lançaram a ferramenta "Steam Workshop", um canal gratuito de divulgação dos chamados mods dentro da loja virtual da empresa. No primeiro mês, milhares de mods foram enviados ao Workshop.

Há modificações para todos os gostos. Umas alteram radicalmente a mecânica de um jogo, mexem na interface e trocam ou melhoram os gráficos. Outras usam a base para criar um jogo 100% novo, às vezes tão ambicioso e "profissional" quanto o molde.

Os mods também servem para manter jogos velhos funcionando em máquinas mais novas. Títulos cultuados passam anos sendo adaptados a ajustados para funcionar em PCs modernos, além de receber correções para bugs e outros defeitos que se tornam evidentes depois de tanto uso.

É o caso de "Elder Scrolls: Morrowind", que a Bethesda lançou em 2002. Mesmo que a produtora já tenha saído com mais dois jogos da série ("Oblivion" e "Skyrim"), um grupo dedicado de fãs acaba de concluir um remake completo do título. Além de gráficos novos, eles corrigiram inúmeros problemas do original.

O projeto levou anos e não vai render um tostão aos criadores. Eles parecem muito mais motivados por simples curiosidade do que qualquer coisa. Como os sujeitos que transformaram aquele batido jogo de tiro numa aventura contra dinossauros nazistas, a pergunta parece ser: eu consigo fazer isso?

Que alguns terminem contratados em produtoras famosas, faz parte do jogo. Mas, com a popularização dos independentes nos últimos anos, esses experimentos têm sido cada vez mais um primeiro degrau para pessoas que não se interessam em trabalhar em grandes empresas.

Na semana passada, Gabe Newell, cofundador da Valve, disse que o Windows 8 será uma "catástrofe" para os jogos de PC. A ideia de fechar um ambiente tão aberto quanto o PC servirá apenas para inibir a curiosidade e a criatividade dos usuários que, ao fim e ao cabo, ajudaram o PC a se tornar o que é hoje.

Não por acaso, a Valve anunciou recentemente que levará seus jogos para o Linux.

andré conti

André Conti, formado em jornalismo, é editor na Companhia das Letras. Sua coluna mistura coisas antigas e jogos velhos com novidades e curiosidades da tecnologia. Escreve às segundas, a cada duas semanas, na versão impressa do caderno "Tec".

 

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