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barbara gancia

 

26/08/2012 - 01h00

Viva o Pelé! E o Juba e o Lula!

DE SÃO PAULO

"Barbara, vamos defender o Pelé?" Simba! Lá vamos nós! Este galo de briga que vos fala já estava passando a mão no porrete mais próximo e saindo em disparada quando a moça do SBT me explicou que não era para tanto.

"Calma, o Pelé não está correndo perigo. Vamos produzir um programa em que o público elege o maior brasileiro de todos os tempos e, como você é torcedora do Santos, pensamos que seria a pessoa ideal para defender o rei do futebol na competição."

Mil coisas começaram a passar pelo meu cérebro de ervilha: não sei xongas de fut, pessoal se engana comigo porque preencho o estereótipo.

Quando inicia, minha ervilha da IBM não para mais de processar dados: não tenho a menor intimidade com campo de futebol. Não sei assistir a jogo, toda vez que acho que foi falta não foi, e o tal impedimento permanece para mim um mistério. O Santos de fato me empolga, quando torço passo a fazer parte de uma tribo gloriosa. E o Pelé é o eterno otimista, mexe comigo de uma forma que nem mesmo se o Pink Floyd resolvesse tocar, na formação original, dentro do meu quarto de dormir só pra mim eu ficaria como ele me deixa.

Certa vez me levaram para conhecer o Pelé em um embarque do Santos em Congonhas. Eu devia ter uns nove anos. Fiquei tão pasmada que, na hora em que me colocaram na frente do negão, eu só soube balbuciar:

"Sou corintiana roxa".

Como assim, sua songamonga? Você nunca teve a menor intimidade com o Corinthians, enlouqueceu? Tilt geral. Senti vontade de correr para o meio da pista e ver minha cabeça ser decepada pela hélice de um Electra. Quase pedi ao Pelé para morder minha jugular com aquela boca cheia de dentes de Mentex dele. Mas, quando fui ver, ele já estava conversando com outra criança.

Inventei que o convite do SBT seria minha redenção. E passei o último mês inteirinho estudando Pelé em minúcias, fatias e partículas.

Os roteiristas me garantiram que aquele assunto cabeludo sobre a filha adotiva não entraria. E, como o SBT é o canal que transmitia "A Semana do Presidente", deduzi que falavam a verdade.

Pelé e eu (chique!) iríamos competir contra Juscelino Kubitschek, que estava lá muito bem representado pela filha Maria Estela. Assim que o programa entrou no ar, ao vivo, senti a vantagem do mito pulsando pelo palco. Juscelino não tinha a torcida de um grande time atrás dele. Sem contar que a turma não vai pegar no celular para discar e gastar a fim de votar em uma figura histórica que defuntou -com todo o respeito, Maria Estela.

No primeiro bloco, recebemos o apoio de Ratinho, Alexandre Pires, Toni Garrido e até mesmo da gloriosa Hebe Camargo. A Hebe me transmitiu tamanha segurança que me fez dar o meu recado sem constranger demais a reputação do rei. Isso a despeito da inesperada pergunta sobre sua filha adotiva, Sandra. No dia do Santos Dumont, não me lembro de nenhuma referência à sua vida particular, ninguém falando em suicídio, amores impossíveis, nada. Já com Pelé, sarrafo nele, para variar.

Chegou a hora de anunciar o resultado da votação do público via SMS: "Com mais de 70% dos votos, o eleito da noite é... Juscelino Kubitschek!" Como é mesmo, Carlos Nascimento, você poderia repetir?

É óbvio que amamos o democrata Juscelino e que eu nada tenho contra brincadeiras sem maiores consequências. E se o Silvio Santos quer ganhar o dinheiro das suas ligações de telefone celular, problema de vocês dois. Limpeza total.

Mas, se ao final do programa "O Maior Brasileiro de Todos os Tempos" o ex-presidente Lula sair como vencedor, não venha dizer que eu não avisei, viu, Juba, Lula, Bacana e Zelda?

Ilustração Alex Cerveny
barbara gancia

Barbara Gancia, mito vivo do jornalismo tapuia e torcedora do Santos FC, detesta se envolver em polêmica. E já chegou na idade de ter de recusar alimentos contendo gordura animal.

 

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